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Crítica | Mulher Maravilha: Quando quiser algo bem feito, “deixe” uma mulher fazer!

Quando eu coloco o “deixe” entre aspas no título e apenas pra mostrar que até um ditado, que teoricamente era pra empoderar uma mulher, é machista. Como a própria Diana Prince diz a Steve Trevor no filme, ela, e mulher alguma precisam de permissão para fazer algo.

E ela faz e faz muito bem feito! Gal Gadot é perfeitamente conduzida por Patty Jenkins no filme de origem deste ícone da DC. Mulher Maravilha é um filme extremamente necessário no DCEU, não só pela qualidade mas pelo seu equilíbrio, tom e sinceridade. Ele põe calmaria aos bastidores do universo que teve o morno Man of Steel, o controverso BvS e o decepcionante Esquadrão Suicida.

Mas se você espera uma crítica pontual com comentários sobre a cinematografia da película, esqueça! Até me guiei por este sombrio caminho (segura na mão de Snydeus e vai), mas dizer o filme não peca nem pelo zelo, nem pelos excessos, que tem um primeiro ato maravilhosamente lindo em sua fotografia, um segundo perfeitamente bem construído e 3º ato totalmente destoante do resto filme, não vai representar de maneira alguma o que vi na tela.

Com um roteiro cheio de sutilezas, emergi de tal forma no filme que se eu falar que o personagem que mais me chamou a atenção foi Steve trevor (Chris Pine), vocês acreditam? Não, não é uma síndrome machista de quem não consegue se identificar com  uma protagonista feminina. É porque eu me vi nele. O roteiro de Geoff Johns e Allan Heinberg me colocou dentro do filme em cada situação que o “machista” Steve Trevor se manifestava, conduzido pelos costumes que cercavam a sociedade à época da 1ª grande guerra. Cada soco no estômago que ele tomava e todo processo de desconstrução que ele passou, me tornava mais Steve (pena que não era na beleza também kkk).

Incrível como o filme é tão atual apesar dos 100 anos que o separam dos dias de hoje. Steve tenta a todo momento, tomar o controle da situação, proteger Diana, ser o macho alpha da situação porque dentro de si, mesmo vendo as atitudes empoderadas de Diana, naturalmente se sentia na obrigação de protegê-la. Como foi lindo assistir esta desconstrução e ver que mesmo não querendo, muitas vezes cometemos pequenos atos machistas no nosso dia a dia.

Agora falemos de quem importa: DIANA PRINCE! Aqui temos um exemplo do que é fugir da jornada do herói, afinal ela sempre quis essa pretensão pra si. Destemida e corajosa, ela em momento algum faz algum tipo de discurso panfletário, aliás esse tipo de discurso passa longe do longa, porque pra ela é natural viver em igualdade e o humor do filme é baseado nessas sutilezas de como tratamos a mulher, com diferenças bizarras diariamente.

É engraçado como a fotografia nos conduz desta forma. Quando estamos em Themyscira, Diana vive em um mundo sem diferenças ou desigualdades: Um mundo perfeito. Colorido, vivo e sem a maldade. Ao sair da ilha, a princesa encontra um mundo injusto, preconceituoso, machista, triste em meio a uma guerra e a mágica da fotografia nos coloca em um mundo cinza. Bem vinda ao mundo real Diana! Este choque faz a personagem crescer e impressiona não só aos homens da película, como todos sentados no cinema. Me incomoda ver os generais estupefatos com a presença de uma mulher em seu meio, como se ali não fosse o lugar dela e de certa forma ela quebrava um dogma da sociedade. E mais, quando ela se assume superior a eles no aspecto intelectual chega a ser zombada. Instantaneamente criei ligações com o mundo nerd, geek e me chegou a dar calafrios.Não ter um pênis no meio das pernas automaticamente tira méritos e a credibilidade de uma mulher, por mais inteligente e guerreira que seja, até os dias hoje.

Será realmente que evoluímos? Eu gostaria realmente que a vida real fosse como na tela, e que pudéssemos assistir mais cenas como a do front (melhor do filme), onde uma mulher com toda sua coragem e atitude tome as rédias da situação e conduza como uma líder uma equipe, lutando lado a lado. Que as mulheres, como Diana, possam conquistar o respeito de seus companheiros de trabalho, que possam se dar o direito de brilhar também, não só pela beleza, mas pela competência e no final (que não seja longevo), a mulher possa vencer, seja Ares ou qualquer outro “deus” (vulgo preconceito). Aí talvez possamos pensar em um final feliz.

O filme é empático, é real, é maravilhoso, e não foram os efeitos de vídeo-game, alguns furos corriqueiros ou pequenos exageros na montagem que vão tirar seus méritos. Tudo é muito lindo, figurino competente, direção de arte e cenografia brilhante. Tem seus defeitos? Tem, mas qual filme não tem? Representativo, sem ser panfletário, e com uma Gal Gadot maravilhosa, perfeita e dominando o personagem. Obrigado Patty Jenkins, pela direção honesta e por entregar este filme “Maravilhoso”, mas obrigado mais ainda por me fazer um homem melhor e que seja apenas uma levantada para que a Liga Justiça faça aquele ponto monstruoso no DCEU.

3 Comments on “Crítica | Mulher Maravilha: Quando quiser algo bem feito, “deixe” uma mulher fazer!

  1. Desfruto muito deste gênero de filmes, sempre me chamam a atenção pela historia. Sinceramente os filmes de ação não são o meu gênero preferido, mas devo reconhecer que Mulher Maravilha superou minhas expectativas, é uma história sobre sacrifício, empoderamento feminino e um sutil lembrete para nós, humanos, do que somos capazes de fazer uns com os outros. Adorei está história, por que além das cenas cheias de ação extrema e efeitos especiais, realmente teve um roteiro decente, elemento que nem todos os filmes deste gênero tem. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Eu recomendo muito e estou segura de que se converterá numa das minhas preferidas.

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