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Velvet Buzzsaw | Crítica – Comédia? Suspense? Terror? Me explica Netflix?

O mundo da arte sempre foi venerado como se ele próprio fosse uma de suas obras. E eu digo arte no geral. Artes plásticas, cinema, música, moda, todas, sem exceção, são um mero fetiche para todos os seres mortais. Fotos no Insta de premieres, Stories de red carpet ou apenas notinhas em portais famosos, são cobiçadas, seguidas, curtidas e compartilhadas aos milhões.

E tentando ironizar este mundo glamouroso que Dan Gilroy, diretor conhecido por Abutre, nos traz Velvet Buzzsaw. O diretor mergulha no mundo das obras de arte, mais precisamente nas galerias de Miami Beach, onde o dinheiro e o status circulam em Porsches e Ferraris.

Todos os maneirismos e esteriótipos são elevados a nonagésima potência, rendendo uma forte crítica ao esquema milionário da arte. De início dava a entender que seria uma excelente comédia de humor negro, mero engano. O filme perde o foco e envereda por outros lados.

No trama acompanhamos Morf (Jake Gyllenhaal), um renomado crítico, que mesmo sendo pedante e arrogante, também parece ser o único realmente apaixonado pela arte. Ele se envolve com Josephina (Zawe Ashton), uma ambiciosa assistente, que não mede consequências pela fama e sucesso. Ela trabalha para Rhodora Haze (Rene Russo), uma influente consultora e negociadora de arte.

Josephina encontra Vetril Dease, seu vizinho, morto e descobre em seu apartamento uma valiosa coleção de arte. Os três protagonistas tentam arrumar uma forma de lucrar com as pinturas, mas no decorrer da trama, descobrem que há algo muito estranho e horripilante por trás das obras. Elas carregam um rastro de morte.

Confesso que a história é interessante e o roteiro, também escrito por Dan, cria boas nuances até certo ponto, mas que nunca se aprofunda demais em nada. E este é o ponto. O filme flerta com o humor negro e se desenvolve até em certo momento o suspense, com uma trilha sonora genérica que toma conta do longa.

Como se não bastasse isso, temos toques de sobrenatural, encaminhando o longa pra um terror psicológico, sem os tradicionais Jump Scare, que até parecem interessantes isoladamente, mas não parecem encaixar com o resto da trama.

E é essa indecisão que faz o Velvet Buzzsaw patinar. As boas atuações de Rene Russo (Thor 1 e 2) e Jake Gyllenhaal (Abutre), que parece estar se divertindo no personagem até conseguem validar o roteiro, mas a direção parece perdida. O elenco, por sinal, está recheado de estrelas como Toni Collette (Hereditário), Natalia Dyer (Strangers Things), Billy Magnussen (Extraordinário) e o maravilhoso John Malkovich (Eu quero ser John Malkovich), mas sem nenhum destaque.

Outro grande problema do longa é a montagem, que parece datada, como se tivesse sido editada nos final dos anos 90, o que dá um ritmo mais lento a Velvet Buzzsaw, prejudicando em muito o desenvolvimento da história. A fotografia tenta emular, no que parece propositalmente, o cinema arte com ângulos e movimentos diferenciados. Ficou interessante, mas faltou uma montagem melhor.

Inclusive por este motivo algumas mortes na trama são extremamente previsíveis. Outro ponto interessante ( ͡° ͜ʖ ͡°) é Jake e sua facilidade em ficar pelado. Rapaz, piscou o olho, a roupa se foi. A mulherada (e homarada, porque não?) pira.

No final das contas a Netflix foi ousada e entregou um filme ousado e por mais que eu tenha ressaltado os seus defeitos, têm qualidades e me divertiu pelos seus 112 minutos. Creio que vá agradar a uns, mas muita gente vai achar uma merda. Típico da Netflix.

2 Comments on “Velvet Buzzsaw | Crítica – Comédia? Suspense? Terror? Me explica Netflix?

  1. Quando eu vi esse trailer, eu fiquei confusa também – achei até que seria algum filme pastelão mas ai vi umas cenas tensas e fiquei na dúvida como vc.
    Gostei pelo Jake, hehehhehe – mas confesso que não vou assisitir.

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