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Umbrella Academy (Netflix)| Crítica

Netflix, sua linda! Antes de mais nada, tenho de agradecer ao espetacular serviço de streaming, que apesar de fraquejar algumas vezes, quando acerta faz com gosto. Umbrella Academy é mais um desses exemplos que pegou em cheio o público da HQ e aqueles que não conheciam a história.

Assim como na HQ, a série conta a história de 7 crianças adotadas pelo bilionário sir Reginald Hargreeves, todas elas nascidas no mesmo dia de maneira misteriosa, detentoras de poderes que acabam conhecendo pouco a pouco, criando o grupo de super-heróis Umbrella Academy.

Não, esta história não tem um careca na cadeira de rodas, uma telepata ruiva ou um monstrengo azul. Apesar da semelhança, o ponto chave da produção inspiradas na HQ de Gerard Way e Gabriel Bá está em construir um universo de heróis incomuns, construídos de uma forma totalmente diferente do que já conhecemos, além de lidarem com problemas sociais como meros humanos mortais.

As 7 crianças da Umbrella Academy apesar de terem sido criados em berço de ouro com o bilionário Hargreeves, passaram por extremas provações em seu passado, tendo seu comportamento monitorado de perto pelo “pai”, o macaco mordomo Pogo e a mãe robô Grace, construída por Reginald para ser a perfeita figura materna que faltava aos seus filhos.

Conhecidos puramente pelos seus números desde que recrutados como alunos da Umbrella, cada um sente o reflexo na vida adulta de uma forma diferente. Um astronauta de forma animalesca tem de lidar com o sentimento de isolamento de sua missão, um policial habilidoso com armas brancas tem que lidar com seu impulso de matança, uma top model estrela de Hollywood que apesar da fama tem extremos problemas familiares, um drogado que depende dos entorpecentes para viver em paz com os fantasmas ao seu redor e uma violinista que usa da música para se libertar da depressão de sua vida excluída da sociedade.

Dentre os citados, estão alguns exemplos de personagens que compõem a trama. Criados para serem super-heróis e poderem combater os males do mundo, mas reclusos numa vida conturbada, por não terem desenvolvido a capacidade de equilibrar aspectos familiares, sociais e sentimentais com a necessidade de precisar se provarem através de seus poderes.

Mesmo trazendo uma família desfuncional de seres extraordinários que só de olhar é difícil imaginar a construção de um final feliz, Umbrella Academy nos conta uma história dramática com toques de ação, romance e comédia, que mostra através dos membros as dificuldades em se lidar com problemas do dia-a-dia, ainda que nascidos de maneira mágica e utópica perante as pessoas que os rodeiam.

O elenco da série é divino e possui atuação impecável, incorporando os personagens de forma característica, trazendo ao público aquele sentimento de amor ou ódio por um personagem, provando que cumpriram o seu papel na trama. De nomes já conhecidos como Ellen Page, a brilhantes atuações dos não tão conhecidos Robert Sheehan e Aidan Gallagher, não sou capaz de sinalizar um defeito na performance dos atores.

O roteiro é tão fluído que adapta a HQ de uma forma até melhor do que ela já era. Determinados eventos ou personagens foram adequados de maneira que a temporada de 10 episódios fosse construída de forma concisa e atraente, delimitando muito bem a apresentação de um novo universo, os seres que a compõe e a trama que tem de ser resolvida. Incrível primeiro passo para uma daquelas histórias que espero que perdure como mais um dos grandes sucessos da plataforma.

A fotografia é lindíssima, passando desde os cenários do passado da Umbrella jovem e a grandiosidade da mansão Hargreeves, até a composição de cenas construída de forma brilhante durante as muitas viagens do Cinco pelo tempo.

Trilha sonora… que show à parte. Sabem que se uma série tem uma boa trilha, já tem um pontinho a mais para me convencer. Umbrella Academy simplesmente inicia seu primeiro episódio com uma versão espetacular de Fantasma da Ópera no violino com leves traços de rock ao fundo.

Queen, Woodkid, Tiffany e outros mais compõe uma das mais belas trilhas sonoras que posso me lembrar dentre as séries da atualidade. É divina a forma como música e performance se combinam proporcionando cenas memoráveis. Duvido que veja a cena com “Don’t Stop me Now” e não se empolgue como eu!

Umbrella Academy chegou de mansinho a Netflix, diante dos olhares do público que já era fã da HQ e esperava ansioso pela adaptação para TV. O que torço muito é que a partir dessa temporada, o público que ame essa obra possa aumentar cada vez mais, e possibilitar um universo sem fim para os fãs que só querem saber o destino de nossos heróis imperfeitos…

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