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The Witcher – Netflix | Crítica

Anunciada em maio de 2017, foram mais de 2 anos de espera até vermos a adaptação da Netflix para uma das mais famosas séries literárias do mundo, The Witcher. A saga do bruxo Geralt de Rívia ficou extremamente popular após o lançamento de suas adaptações em games, desenvolvidos pela polonesa CD Projekt Red, principalmente por The Witcher 3, considerado como um dos melhores jogos da década.

Eu confesso que fiquei apreensivo em como essa adaptação sairia do papel e se transformaria em algo palpável para o público geral, principalmente por ter inspirações no folclore do norte europeu e principalmente polonês. Felizmente, a showrunner e roteirista Lauren Schmidt Hissrich acerta bastante no que se trata de apresentar o vasto continente, suas tramas, e principalmente na hora de desenvolver os personagens.

Geralt é um Witcher (Ficou como bruxo na tradução nacional), um mutante caçador de recompensas que foi treinado para enfrentar todo o tipo de criaturas. Geralmente os bruxos vivem pela recompensa, não tem um código moral além de cumprir seus acordos e tem a fama de não terem sentimentos. Geralt, por outro lado, não consegue conter seus instintos na hora de ajudar quem realmente precisa de sua ajuda, e mesmo que não hesite em matar e esfolar quem entrar no seu caminho, é como um cavaleiro branco em meio aos horrores que encontramos em tempos de guerra.

A primeira temporada da série conta com 8 episódios, e adapta para as telas o conteúdo dos dois primeiros livros. Como esses livros são organizados em contos soltos, que não seguem uma linearidade para contar a história, a série segue pelo mesmo caminho, e por episódio as vezes temos 2 ou 3 linhas do tempo diferentes, já que além de Geralt, acompanhamos a jornada da feiticeira Yennefer e da princesa Cirilla. Cada personagem em sua jornada individual, até que suas histórias se cruzam pelas forças do destino.

Com o anúncio da série e seu lançamento, vi muitas pessoas e até críticos comparando-a com Game of Thrones. Bem, há tramas políticas, guerras entre reinos e muita batalha por poder. Porém, The Witcher segue um lado mais Dark Fantasy, e temos criaturas mágicas, monstros antigos, e feiticeiros poderosos. O próprio Geralt tem uma trama muito mais aventuresca que qualquer personagem da série da HBO, então as comparações não podem ser mais do que superficiais.

A Netflix não economizou o bolso para a produção dessa primeira temporada, então temos um design de produção incrível para uma série medieval. As coreografias de batalha são intensas, transformando as brigas de espadas em algo que parece vir direto de John Wick por exemplo, com cortes rápidos de câmera, enquadramentos movimentados, e um impacto que eu não sentia desde os filmes de Senhor dos Anéis. A trilha sonora é outro ponto alto, e todo trabalho orquestral e com instrumentos típicos do norte europeu casam perfeitamente com a ambientação.

Nem tudo são flores durante o processo de adaptação, e achei que quem não está familiarizado com o universo pode demorar um pouco para entender toda a trama política da guerra entre Nilfgaard e os reinos do norte. A série faz parecer que Nilfgaard é todo o mal, e os reinos do norte fazem parte dos bonzinhos, e as coisas só começam a clarear a partir do quarto episódio. Porém, esse excesso de informações logo no começo era necessário para o ponto onde a temporada se encerra. Talvez, uma revisão de roteiro ajudasse a manter as coisas mais simples, apesar de eu gostar do fator fidelidade ao material original.

Outro ponto alto, que também faz parte da ideia de se manter fiel ao material base é o desenvolvimento dos personagens. Geralt é o protagonista do nome da série, mas Yennefer, Jaeskes, e Cirilla tem bastante tempo de tela, e suas histórias progridem tanto quanto a do Lobo Branco. A atuação de todo o núcleo principal é incrível, mas alguns coadjuvantes acabam ficando canastrões demais (Mesmo para uma série medieval). Henry Cavill realmente incorporou o personagem, e muda totalmente sua forma de falar, de andar, e de olhar.

Os efeitos especiais são bons. As vezes entregam muito mais do que esperamos do orçamento de uma série de TV, e as vezes entregam menos do que o necessário. Mas, o saldo é positivo! A fotografia da série é competente, e apesar de um ou outro momento escuro demais, não compromete, e acerta ao mostrar as lindas paisagens do continente.

The Witcher entrega uma adaptação de respeito para os fãs da saga de Geralt, acerta como uma boa história de fantasia medieval, e mostra que a Netflix tem muita lenha para queimar com seus conteúdos originais. O roteiro poderia ser melhor lapidado, mas não estraga a jornada. A abertura do último episódio deixa bem claro que tudo que vimos nesses 8 episódios é só o começo de uma história fantástica.

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