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The Boys | Crítica

Se te falassem que saiu uma nova série de super-heróis, qual seria sua primeira referência? Aposto que Vingadores, o Arrowverse ou até mesmo o universo Marvel na Netflix seriam os primeiros a vir no seu pensamento, certo? Pois The Boys está bem distante disso.

Posso definir The Boys como uma crítica ao estigma criado do ser super-herói. O imponente, imbatível, defensor de todo o mal. A série inspirada nas HQs do polêmico Garth Ennis está muito mais para Watchmen do que Liga da Justiça, que tanto é utilizada como sátira aos personagens da série.

A ideia de trazer os quadrinhos para a TV veio de Eric Kripke, já conhecido por trabalhar em Supernatural, e a Amazon Prime Video abraçou a ideia para trazer ao público uma série inadequada para menores de 18 anos, o que não é nenhuma novidade para o serviço de streaming dentro do seu catálogo.

Muito provavelmente você não conhece nenhum dos super-heróis presentes na série, mas vai notar as referências. Capitão Pátria é aquela mistura de Superman com Capitão América, a Rainha Maeve é a Mulher Maravilha, Profundo é o Aquaman, Trem-Bala é o Flash e por aí vai. Mera referência do autor para ironizar os super-heróis mais conhecidos da Terra, mas que em sua obra não se mostram tão super assim.

The Boys não é uma aventura, muito menos uma série de ação (por mais que tenha muita). A série tem de ser categorizada como um drama, daqueles de nos fazer refletir e entender a fundo cada um dos personagens que nos são mostrados, e tudo começa com a morte da namorada de Hughie por um dos supers.

Acidental ou não, o caso causa choque e ira ao garoto que se vê sem rumo ao ter a namorada estraçalhada em suas mãos (por cenas como essas, tire as crianças da sala). O evento faz com que Hughie conheça Billy Butcher, protagonizado pelo excelente Karl Urban. Butcher tem um histórico já marcado de perseguição aos supers, e mostra a Hughie que eles não são tudo aquilo que a sociedade vê.

Os Sete como são conhecidos os sete maiores super-heróis da Terra, são financiados pela corporação Vought, responsável pela sua imagem e propaganda perante o mundo, desde a participação em passeatas, discursos políticos e reality shows. A imagem do super-herói está nas mãos deles. A mais recente recruta do grupo, Luz-Estrela, é a mais próxima da humanidade, pois quer unicamente usar seu poder para o bem, e não para ser famosa, sendo o principal contraponto do grupo.

No meu ponto de vista, a série conquista a partir do momento que conhecemos mais sobre o passado e o dia-a-dia dos heróis, coisa que apesar de explorado nas mídias que conhecemos, não segue o mesmo tom de The Boys, que é visceral e cruel com a sociedade ao seu redor. Afinal, os heróis são os mocinhos ou os vilões da história?

Quanto aos aspectos técnicos, a série é esplendorosa. De fotografia belíssima que faz os fãs de Zack Snyder ficarem orgulhosos em determinado momento (amém Snygod), até cenas de ação que já vimos em algumas das produções (as boas) da Netflix, não erra na questão visual. O figurino é muito bem construído, e pelo pouco que pude ver é fiel aos quadrinhos. A trilha sonora dá o ar da graça de forma sutil, mas tão excepcional que merece meu destaque aqui também.

As atuações se destacam de forma positiva, principalmente no papel do já renomado Karl Urban e na atuação impecável de Antony Starr, como Capitão Pátria. O ator tem a incrível capacidade de nos transparecer exatamente aquilo que o capitão mostra para a sociedade. Ora amamos, ora odiamos, mas a imponência de ser o maior herói dos Sete sempre está ali. Erin Moriarty como a Luz-Estrela tem uma crescente incrível na temporada, e também merece um lugar de destaque dentre as atuações.

Com 8 episódios de aproximadamente 1 hora cada, vejo que a série conseguiu cumprir bem seu papel na primeira temporada. Infelizmente, poderia aproveitar melhor o tempo de determinados episódios, sendo reduzidos a 45 ou 50 minutos, mas que não tira a relevância que a série tem. Segunda temporada está confirmada, espero que mantendo a qualidade e não perdendo o tom, que tanto surpreendeu o público.

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