Literatura

Terror a Bordo | Resenha

Ter medo de avião é comum quando pesquisamos sobre as fobias que a população mundial mais possui, mas você sabia que o mestre do terror, Stephen King, também tem pavor de avião? Em Terror a Bordo, King faz o que sempre ensinou de forma explícita ou implícita em suas obras: é preciso superar nossos medos.

Terror a Bordo foi publicado pelo selo Suma do grupo Companhia das Letras em fevereiro de 2020, e trata-se de uma antologia de contos organizados pelo próprio Stephen King e Bev Vicent, colunista de uma renomada revista de terror, Cemetery Dance. A proposta é unir em 17 histórias diversos pontos de vista do pavor que a viagem de avião e a possibilidade de estar sob as nuvens pode proporcionar a mente daqueles que a temem.

Cada conto tem um autor diferente, inclusive o último deles escrito pelo próprio Stephen King, e retrata diversos momentos na história e como o autor reflete o seu medo acerca do avião, ou da sensação de voar. Desde o projeto piloto do que seria um avião dos irmãos Wright, até os boeings que estamos acostumados a ver circulando nos céus das grandes metrópoles, a obra cita todos os momentos possíveis da evolução da aviação, sendo além de uma obra focada no terror, querendo ou não uma aula de História.

Medo é algo muito subjetivo, e ele pode refletir nas pessoas de forma totalmente diferente, seja a época que vive ou o estado emocional no momento. Em Terror a Bordo isso fica muito claro conforme vamos avançando nos contos. De monstros alados que circudam as máquinas voadoras, até alucinações que surgem enquanto recostamos na cadeira preocupados se chegaremos ao destino final, os autores abordam todo tipo de medo.

A forma de escrita é algo muito nítido também. Em “O horror nas alturas”, de Sir Arthur Conan Doyle (sim, o pai de Sherlock Holmes), lidamos com uma escrita mais clássica nivelada ao que já conhecemos das obras de investigação do autor, sendo mais detalhista com relação ao ambiente e os sentimentos do piloto ao buscar algo inédito para sua época. Já em “Lúcifer!” , de E.C.Tubb, somos apresentados a uma literatura mais voltada a ficção científica, em que o passageiro descobre ter uma capacidade de viajar no tempo. Até onde isso pode ser prejudicial?

Antes de cada conto, King faz questão de realizar alguns comentários sobre o que levou a colocá-lo entre as 17 histórias selecionadas, e a forma com que ele descreve seus medos, faz que até quem nunca pensou dessa forma, passe a refletir mais sobre.

Quando o tubo de metal e plástico está vedado (como um… bem, como um caixão) e saindo da pista de decolagem, deixando uma sombra cada vez menor para trás, só há uma certeza, uma coisa tão positiva que ultrapassa as estatísticas: você vai descer.

Não posso categorizar Terror a Bordo como uma obra propriamente dita de Stephen King, mas como organizador da antologia houve uma seleção bem diversa que possibilitou olhares dos mais variados tipos possíveis de medos e períodos, fazendo com que pudéssemos entender de melhor forma um medo que não necessariamente temos.

Se você é um dos que assim como eu não tem medo de avião, depois de Terror a Bordo pode ser que tenha uma percepção um pouco diferente. Vale a leitura!

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