Filmes e Séries

Sex Education – Netflix – 1ª Temporada | Crítica

Uma das coisas da Netflix que mais gosto é arte de surpreender o espectador. Porque sabemos o quanto eles têm investido em conteúdo Original, seja comprando a distribuição de séries desconhecidos ou encomendando as próprias, como Sex Education, não é? Mas filtro de qualidade é desligado e, ao mesmo tempo que temos excelentes produções, temos muita porcaria.

Foi em uma dessas experiências e descobertas que encontrei Sex Education, cujo o trailer vendia como um besteirol americano, estilo American Pie, com um toque de relacionamento entre mãe e filho. Incrível como o material de divulgação não faz jus ao que assisti. Não era isso (graças a Deus), era uma pérola. Muito melhor.

Sex Education é uma comédia britânica, criada por Laurie Nunn, para o serviço de streaming, que tenta colocar de maneira bem humorada, inteligente e, porque não, dramática, como um grupo de adolescentes enfrentam problemas e prazeres da vida sexual. Sim, muitos problemas.

Otis Meeve Erik sex education

Temas como aborto, nudes, fake news, masturbação, inexperiência e homossexualidade são abordados de forma natural e divertida (de modo sutil nos temas mais pesados), sem perder o foco da história, o fio condutor que faz você não querer parar de assistir. Você já assistiu Big Mouth? imagina um live action, mas escrito de forma menos escrachada, com o típico humor britânico.

A trama conta a trajetória de Otis, um adolescente virgem (ahhh, não me diga!), filho de uma bem sucedida terapeuta sexual, que junto com seu melhor amigo, Erick, um gay em fase de descobertas, parte de família tradicional e religiosa, e Maeve, uma jovem linda e revoltada, com problemas familiares, que se faz de durona, mas é sensível.

Otis assustado Sex education

Os três se aproveitam do dom de Otis, um virgem que entende muito de sexo, acreditem, e montam uma clínica sexual, pra aconselhar os seus amigos do colégio, cada um com seus tabus, e ainda tirar uma grana.

Parece um mar de estereótipos e clichês, não é? O pior (ou melhor), são mesmo, mas o decorrer dos episódios faz uma desconstrução nos personagens, de uma forma inteligente e bem-humorada, e quando você menos vê, está envolvido e torce pelos três, cada um com seus dilemas. Há um episódio sobre aborto extremamente relevante para os dias de hoje.

Mas não ache que o temas são abordados de forma panfletária, muito pelo contrário, alguns assuntos são colocados de maneira tão naturais, que você nem nota quando foi inserido. Por mais que toque em temas sérios, o foco da trama é a amizade e como pode ser traumática essa fase de nossas vidas.

E nisto o texto e direção acertam em cheio. O roteiro foi muito bem escrito e o formato, com 8 episódios, funcionam bem, ficando apenas minha crítica quanto a duração dos episódios: 50 minutos, eram muito longos, o que dava impressão de uma barriga, 10 minutinhos a menos já resolveria isto.

Otis e Jean Sex Educarion

Outro ponto interessante é o elenco com Asa Butterfield, no papel de Otis, e a maravilhosa Gillian Anderson, no papel Jena, a mãe de Otis. Que dinâmica incrível entre eles. Temos uma grata surpresa, Ncuti Gatwa, o Erick, que deu uma profundidade e dramaticidade incrível ao personagem.

Pra fechar, só preciso dizer sobre a trilha sonora, é incrível, sempre entrando em momento pontuais, dando um clima nostálgico a Sex Education. Vou deixar o link do Spotify, com a trilha, para embalar a sua leitura.

Erik Otis dançando

Parabéns Netflix, você erra, mas quando acerta, é um tiro. Gosto assim.

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