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Titans – A melhor série da DC? | Crítica

Quem diria que a maior e mais antiga super equipe de jovens e sidekicks teria a oportunidade de se transpor em live action em algum momento? Eu como grande fã da DC Comics, sempre sonhei em ver todas as personagens em suas versões reais, desde a trindade, até os excluídos, Cara de Barro, Pirata Psíquico, e porquê não o Homem Robô?! Titans, junto da vindoura Patrulha do Destino, e as próximas series do DC Universe, vieram para mostrar que é possível trazer qualquer uma personagem ao mundo real.

Voltando a falar dos jovens heróis, lembro da euforia com o anuncio da série. Todo mundo animado pra ver Titans, achando que seria baseado nas animações que no Brasil ficaram conhecidas pelo Cartoon Network e pelo SBT. E aí veio o balde de água fria, e claro, o ódio inconsequente pra um produto que ainda nem havia sido lançado. Por que a Estelar é negra? Por que o Mutano não tá verde? Cadê o Ciborgue? Só o Robin tem uniforme? Bem, pra começo de conversa a Estelar sempre teve traços fortes e parecidos com negros e afrodescendentes. Titans é inspirada no arco do George Perez chamado Novos Titãs, e apesar de apresentar uma trama original para o desenvolvimento dos episódios, a série pega diversas tramas dos quadrinhos e encaixa como um perfeito quebra cabeça, como Vitória Sombria, Detective Comics #38 (1940), algumas antiguidades da Patrulha do Destino, Rapina e Columba do Rob Liefield, e mais um monte de outros pequenos pedaços e aparições de quadrinhos da editora, o que faz qualquer grande fã de longa data dos quadrinhos se sentir extremamente feliz com o que foi apresentado.

Tá, ela é fiel aos quadrinhos, ela é fiel ao cerne dos personagens, mas ela funciona como uma série live action?! Funciona! E funciona muito bem! Ao ponto de deixar as séries do Arrowverso com seus anos de desenvolvimento no chinelo em algumas coisas. Começando com a filmografia e toda a sua direção de arte. Titans é para adultos, e deixa isso claro nos primeiros minutos do primeiro episódio. Não porque a série não consegue ser leve, mas porquê ela escolheu abraçar a escuridão de seus personagens. Um cara treinado pelo Batman a sua vida inteira, que agora já não quer mais ser usado como uma arma, e não sabe o que fazer com sua identidade de Robin. Uma garota filha de um demônio, que tem poderes sombrios e é taxada de ser a porta para a destruição do universo. Uma alienígena sem memória que mesmo matando a ferindo pessoas não sente o peso das consequências. E o único contraponto de todos esses, o Mutano, que é jovem, leve, e que por ter vivido com a Patrulha do Destino entende as suas diferenças e sabe lidar com isso. Como fazer uma trama com esses personagens sem ter peso ou sem ser sombrio? A produção entendeu seus personagens e entrega um tom coeso em todo o momento da primeira temporada.

As coreografias de luta estão insanas, Robin parece que veio direto do Snyderverso, e se alguém me falar que esse Robin é ajudante do Bat-Affleck, eu aceitaria sem questionar. Ele é brutal, letal, e preciso em seus movimentos, porém a raiva que ele libera ao lutar contra os bandidos é tão grande, que ele prefere deixar o manto de lado. Tem uma cena de luta, onde todos os Titãs agem juntos contra a Família Nuclear, que parece que saiu direto de uma página de quadrinhos. A fotografia da série é escura onde tem que ser, mas curiosamente, ela se adapta bem as cenas diurnas, sem parecer que tem um filtro azulado ou acinzentado que vemos no próprio universo do Snyder. A trilha sonora entrega bem o clima que esperamos, e sempre me dá arrepios quando toca o tema de Gotham/Batman, parece um mix da música do Danny Elfman pro Tim Burton, com a execução do Hans Zimmer em Batman v Superman.

O roteiro de Titans é simples, não tem grandes tramas megalomaníacas, e a série apostou em usar a primeira temporada para apresentar os personagens e usa-los como porta de apresentação para a ambientação e o universo de Titans. A série segue uma crescente enorme até o último episódio, e infelizmente acaba no momento mais tenso e crítico para a trama, e acaba deixando um sentimento de que faltou alguma coisa que deveria ser contado de imediato. Felizmente, logo após a exibição do Season Finale, um dos produtores da série confirmou que existe sim um décimo segundo episódio, mas que eles deixaram para iniciar a próxima temporada com ele, justamente para desenvolver melhor o vilão da trama e todo o arco do Dick Grayson. Esse tipo de afirmação, de tomar uma decisão criativa pensando no desenvolvimento dos personagens só fez a nossa redação amar ainda mais Titans e mostra que Geoff Johns e companhia sabem o que estão fazendo.

Titans é a maior surpresa do ano nas séries de TV, é sim a melhor série da DC Comics. Depois da cena pós créditos do último episódio, mostrou que está confiante para mergulhar ainda mais fundo nos quadrinhos da DC Comics e em seus personagens sem ter medo de arriscar.

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