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Review | The Walking Dead S09E01 – Mais política, nova temporada começa bem!

Independente dos rumos que a história irá tomar depois da saída de Andrew Lincoln, a 9ª temporada de The Walking Dead já tinha o peso nas costas de entregar algo que os fãs (que ainda sobraram) mais desejam pra série: relevância. A série tem que trazer novidades, como a nova abertura referenciando os quadrinhos, mas o que a faz ainda ser interessante é o senso de urgência e a necessidade contar novas histórias ou conflitos. Não dá pra reciclar a mesma dinâmica ou ficar presa a mesma fórmula de outras temporadas, senão o show se tornará uma espécie de “malhação de zumbi”, destruindo todo o legado já conquistado.

Partindo desse ponto, a nova temporada precisa se renovar, e não que já o tenha conseguido neste primeiro episódio, mas sentimos que as mudanças de bastidores trouxeram uma nova atmosfera e conflitos políticos parecem ser a base do que nos espera esta season.

A New Beginning começa mostrando os frutos (ou não) da queda de Negan e de como as comunidades sobreviveram após isso. Há uma passagem de tempo clara, e cada vez mais o cenário fica mais apocalíptico. Construções tomadas por vegetações, pontes desabando por não haver manutenção, não há mais combustível e especificamente o Santuário, liderado por Daryl, tenta plantar milho para produção de etanol e converter os motores para o combustível alternativo, tudo sob a supervisão do engenhoso Eugene.

Destaque para expedição por Washington, onde integrantes de todas as comunidades se unem para ”visitar um museu”, revisitando o passado da humanidade, atrás de sementes, carroças, arados e todo tipo de ferramentas coloniais que possam ajudá-los (principalmente ao Santuário) a sobreviver em tempos que não há mais tecnologia.

Nada de carros, os novos meio de transportes são carroças e cavalos e a referência a Planeta dos Macacos é jogada na nossa cara, as vezes de forma sutil, outras escancaradas como quando o Padre Gabriel mata um zumbi e ele fica enroscado exatamente no final de um painel da cadeia evolutiva.

Do macaco viemos, zumbis nos tornaremos.

Outro destaque da sequência foi colocar os zumbis com um papel relevante para a tensão do episódio. Com o tempo os morto-vivos foram subestimados pelo diretores e roteiristas, e logo de cara a nova showrunner, Angela Kang, mostra que isso mudará. Mortes (bestas) vão acontecer por subestimarem os walkers, e hordas sempre serão difíceis de enfrentar.

O elemento gore das aranhas saindo do crânio do zumbi que atacou Sidiq, trouxe de volta o terror, que estava empoeirado no museu de coisas que amamos da série. Engraçado ele ter medo de aranhas e achar zumbis a coisa mais normal do mundo.

A capital dos EUA não foi um cenário aleatório, ele foi escolhido como forma de simbolismo, porque o cenário político desenhado após a queda de Negan, está cheio de tensões. O Santuário virou um peso para outras comunidades, pois era uma fábrica com solo infértil.

Nada que se planta cresce, o que deixou claro o porquê de Negan querer explorar outros povos, não justificasse todas a suas atrocidades, mas parece ter sido a solução “mais fácil” para alimentar seu povo naquele momento.

Mesmo com toda a ajuda do Reino, Alexandria e Hilltop, é difícil alimentar a todos, alguns ficam agradecidos e adoram Rick, outros parecem irritados com a esmola e pedem a volta de Negan por meio de pichações. Na época da ditadura era bem melhor.  ¯\_(ツ)_/¯

Do outro lado temos algumas pessoas em Hilltop incomodadas em ajudar o santuário, já que ao dividir comida eles perdem recursos, tanto suprimentos como humanos, e essas perdas motivam Maggie a implantar uma política mais “protecionista”, a participação de sua comunidade na aliança será reduzida, cada um cuida do seu, e ela poderia até ajudar com alguns suprimentos, mas os refugiados do Santuário que seriam a mão de obra pesada para consertar uma ponte, além de fornecerem todo o etanol produzido pelos salvadores.

Maggie tem na manga o fato de Hilltop ter prosperado sob sua tutela, e vai usar isso a seu favor em toda negociação. Quer, quer, não quer tchau.

Se não bastasse isso, há ainda uma tentativa de GOLPE em Hilltop, onde Gregory não aceita sua derrota nas eleições, afirma para quem quiser ouvir que as urnas foram fraudadas, e motiva um rancoroso pai a tentar assassinar Maggie, já que o ex-líder é covarde demais pra isso.

Felizmente o atentado não dá certo, mas as consequências de sua atitude mostram que a ex-esposa de Glenn não é mais a mesma, agora é impunidade ZERO, e Gregory é enforcado em praça pública, na frente de todos.

Não que ele não merecesse tal castigo, mas os tempos de barbárie medievais (será?) estavam de volta, e uma série que sempre nos chocou por mortes inesperadas, desta vez nos impactou de uma maneira diferente e perturbadora. Quem estará certo?

Rick fica como Conciliador nesse mar de tensão, tentando apaziguar as comunidades, porém causando uma tensão interna com seus aliados, Daryl, que não quer mais liderar os salvadores, e Maggie que não aceita ser apenas uma liderada, quer ter o papel de destaque nesse novo mundo e ter suas próprias regras. E de outro lado sua esposa, Michonne, que planeja fazer um estatuto, que possam alinhar interesses e regras para o bom convívio de todos, além do o nosso Rei, sonhador e romântico.

The Walking Dead, não chegou com episódio cheio de plot twists e ação desenfreada, não tentou ser tudo ao mesmo tempo, como foi a 8 temporada, mas entregou um dos melhores episódios, em pelo menos 2 anos de série, com um roteiro bem construído, feito pela própria Angela Kang, e uma direção fantástica de Greg Nicotero que externou o novo momento da série. Essa pegada política que reflete muito do que acontece hoje, de maneira subliminar, foi brilhante e ao mesmo tempo assustadora. Obrigado, sim obrigado, por darem um respiro no que parecia um triste fim. Foi um aperitivo para algo maior, tenho certeza.

Confira a nova abertura:

 

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