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Review | The Walking Dead S08E01 – Mercy – A Guerra finalmente começou!

Esse foi um episódio para assistir com a “calça de cagar”. Sim, a ansiedade era grande, mas o medo era igualmente enorme e depois de uma longa espera, enfim começou a guerra! Mas espere, temos boas e más notícias. A oitava temporada de Walking Dead mal começou e já percebemos uma dinâmica diferente em relação a última temporada.

Vale ressaltar a montagem um pouco confusa do episódio, que lembrou muito o estilo de Breaking Bad na terceira temporada, com Flashforwards em dois pontos temporais intercalados com a trama nos dias atuais. Quem conhece a história dos quadrinhos se localizou muito bem e entendeu detalhes como a bengala, o festival e o significado da frase dita por Rick Grimes “minha misericórdia é maior que minha ira”, mas pro publico civil foi mais difícil se situar. Pode ter sido uma confusão proposital, mas o fato é que deu um clima de suspense e deixou os fãs da série no mínimo intrigados.

Em um dos flashforwards Rick parecia acordar mais velho e com dificuldade para andar. E todos pareciam estar se preparando para um festival. Claramente uma referência aos quadrinhos na fase pós guerra. Já o segundo momento parece mostrar Rick, em momento de perigo e sofrimento (olhos marejados), fugindo e tendo que fazer uma escolha. Talvez pelo efeito da fotografia do primeiro Flashforward, a cena de Rick velhinho possa ser como o personagem imagina que seria o futuro, em consequência a uma de suas escolhas. Não sei ao certo, agora é só especulação. Teremos que aguardar pra ver se esse tipo de montagem continuará nos episódios seguintes.

Mas vamos aos fatos. O episódio foi um misto de discursos motivacionais e algumas explosões, quase todas motivadas pelo Daryl, o que deu um excelente ritmo ao episódio (ainda mais se compararmos com a season 6), que focou em contar como foi a preparação, psicológica e estratégica, para o enfrentamento entre os salvadores e os aliados de Rick.

Meg (ainda sem barriga) mostrou um grande amadurecimento e se firma cada vez mais como uma nova líder e passa muita confiança em suas palavras. Ezequiel, com seu tom shakespeariano, é carismático e se coloca o tempo todo a disposição dos aliados. Rick não economizou no comício, deve ter feito uns 3 sermões da montanha, no mínimo, para seus “apóstolos”. Aqui temos um primeiro ponto. O episódio poderia soar cansativo com tanto, mas a montagem ajudou demais e o coração de quem assistia chegou até a “aquecer” com tantas frases de efeito. (Mentira, queríamos sangue).

Já no lado da ação o episódio começou frio, com Tara e Carol estudando hábitos da horda de zumbis, Daryl e Dwight trocando informações sobre a segurança do santuário, mas de maneira dinâmica foi esquentando e os salvadores de plantão caíram, um a um, até o grupo de Rick conseguisse fazer uma barricada de carros em frente ao santuário. O que me espanta não foi a facilidade com que eles chegaram e sim de como me pareceu que os salvadores não estavam preparados para um invasão. Negan sempre tentou antever seus inimigos e a princípio parece que foi pego de calças curtas.

Aliás a guerra psicológica neste momento foi incrível, um querendo intimidar o outro. Para Negan, seu antagonista só queria fazer birra, numa briga típica de quinta série para saber quem tinha o pau maior que o outro. E, sem pensar, gritou que o dele é maior, já que ao seu ponto de vista tem mais recursos, tanto na mão de obra humana como no armamento. Já Rick, mostra confiança em sua estratégia e em seu grupo, afinal são sobreviventes. Neste momento, o espectador fica um pouco descrente, afinal porque ninguém atirou em Negan? Ele estava alí, sem proteção, um alvo fácil pra qualquer um com o mínimo de mira. Nem precisava ser uma Sasha da vida. Mas o próprio líder de Alexandria, em um de seus discursos, no início do episódio, lembrou: “somente uma pessoa precisa morrer hoje (Negan) e ele eu irei matar pessoalmente”. Acho que ninguém iria desobedecer uma ordem desta.

Depois do “blá blá blá” intimidador, o plano dos alexandrinos e aliados começa a ser colocado em prática. Explosões e mais explosões em uma cena eletrizante de Daryl conduzindo a horda de Zumbis até o Santuário e a contagem marota do Rick para o início do tiroteio injetaram a adrenalina que não se sentia em Walking Dead há algum tempo. Muitos questionaram a mira de Stormtroopers de Meg, Jesus e Cia, mas o objetivo ali não era acertar ou matar ninguém, era apenas chamar atenção dos zumbis com o barulho. Vale lembrar que os tiros, quase sempre, eram em direção a janelas e vidros para fazer o maior ruído possível. O único que queria acertar alguém ali era o Rick e quase se deixou levar pela raiva, e em uma jornada pessoal, e talvez inútil, disparava em qualquer lugar que Negan poderia ter se escondido. Graças ao Padre “burro” Gabriel, que o lembrou que a guerra não era uma vingança pessoal e sim a redenção de todos, ele recobrou o controle e fugiu antes que os zumbis alcancem o Santuário.

Já Gabriel e sua velha mania de fazer cagada, tentou salvar o covarde Gregory, que mais um vez passou alguém pra trás e tentou salvar sua vida, abandonando o bondoso ( e burro) padre a mercê dos mortos-vivos. Gabriel se esquiva e procura abrigo justamente em um trailer que Negan se refugiou. Que azar! Sim, ele vai precisar da calça de cagar e talvez tenhamos uma referência a uma tortura que aconteceu nas HQs, só que com o Eugene. O Padre paralisou ao ouvir a voz de Negan e teremos que esperar o próximo episódio pra saber o destino deste embate.

Não podemos deixar de citar o misterioso personagem que Carl encontrou no posto de gasolina. Quem será? Pelo mistério, acredito que terá alguma importância na trama, mas como sempre as informações vêm em pequenas porções e assim aumentam a nossa curiosidade.

Em resumo, foi um bom episódio, que se mostrou constante e a temporada se apresenta promissora. Não tivemos a ação frenética prometida por alguns produtores, porém isso era algo que me preocupava. Ação frenética, tiros e explosões combinam muito mais com Transformers do que com Walking Dead. O show precisava sim de ação e movimentação, mas não se pode deixar de lado o desenvolvimento de personagens tão interessantes e as consequências morais que seus atos impactam na trama. E acho que este foi o grande acerto do episódio. Tivemos equilíbrio, só resta saber que os produtores terão coragem de matar personagens importantes e se os roteiristas e diretores consigam manter um ritmo menos monótono na temporada. A série clama por um frescor pra se manter relevante e a audiência, ainda desconfiada pela última temporada, quer se apaixonar novamente pela série.

Walking Dead sofreu muito na última temporada e aparentemente está entrando nos eixos novamente e esta temporada promete muito. Aguardemos.

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