Um dos primeiros e mais importantes heróis negros dos quadrinhos, Raio Negro chegou a CW com a expectativa de conseguir retratar assuntos importantes para a sociedade, e expandir o universo de super heróis da DC nas telinhas. Mas será que a série consegue?
Na série somos apresentados a Jefferson Pierce, um ex atleta olímpico e diretor da escola municipal de Garfield, um grande subúrbio que atualmente está infestado por criminosos, chefiados pela gangue dos 100. Pierce foi o herói Raio Negro no passado, mas se aposentou para poder cuidar de suas filhas, Jeniffer e Anissa. O problema é que a gangue está diretamente ligada ao passado de Pierce, graças a Tobias Whale, um gangster albino que assassinou seu pai. A partir daí a temporada se desenrola com alguns clichês clássicos dos heróis, como o confronto contra o chefe do crime, problemas com a polícia, e afins.
No entanto, o brilho da série fica por conta das tramas paralelas e da abordagem eficaz ao retratar a vida de famílias do gueto, racismo, homossexualismo, e outros temas que merecem o debate, mas sempre de maneira não panfletada e forçada. Anissa, a filha mais velha da Pierce é lésbica, e nunca tratam a orientação sexual da personagem como algo extraordinário. A leveza como esse tema é retratado é um exemplo a ser seguido. As situações de racismo também são retratadas de maneira quase minimalista. É sempre por aquele olhar diferenciado de um branco, pelo modo como as autoridades tratam os negros, ou por comentários “comuns” que deveriam ser evitados no dia a dia. O modo como os negros reagem, principalmente o exemplo mostrado por Pierce é usando falas conhecidas de Luther King, Malcom X, e outras personalidades negra importantes.

A fotografia de Raio Negro é bem trabalhada, e fica extremamente bonita e interessante nos momentos de Flashback sobre a juventude de Jefferson, principalmente no ultimo episódio, onde a direção acertou em cheio no tom preto e branco com alto contraste, trazendo um tom dramático em todo o Flashback. A trilha sonora é outro ponto alto, acertando em cheio na ambientação, trazendo rappers cantando rimas sobre o tema dos episódios, ou com palavra tiradas dos diálogos. É bem imersivo, e mostra que a estrutura da série é bem planejada nos mínimos detalhes. Os efeitos especiais são legais para uma série de TV, e mantém os acertos de The Flash e Supergirl.

O ponto mais baixo da série é o ritmo dos episódios, os 2 primeiros tem um ritmo acelerado, e depois a série vai pisando no freio até quase parar. Acelerando novamente nos 3 últimos episódios, mas o lado herói da série não consegue manter o nível dos momentos políticos e sociais, então acaba ficando mais como momentos encaixados para se enquadrar no formato de super herói. A parte boa desses momentos é que os personagens existem nos quadrinhos da DC Comics, e vemos adaptações muito boas de vilões que não esperávamos, como PainKiller, Syonide e até uma versão do homem tatuado.
Raio Negro é um grande acerto da CW, mas ainda precisa aprender o equilíbrio necessário entre herói e civil, e principalmente, uma constância no ritmo dos episódios. Felizmente, os pontos altos sobressaem as derrapadas, e a série consegue se mostrar importante, principalmente para o debate de temas tão atuais como o preconceito e a falta de empatia das pessoas.