Depois de muita espera após a conclusão de Defensores, finalmente temos a terceira temporada de Demolidor, que prometia adaptar um de seus arcos mais icônicos, A Queda de Murdock. Será que conseguiram?
Esquecendo o fator quadrinhos por um momento, tenho que dizer que essa temporada conseguiu ser tão boa quanto a primeira, na minha opinião, sendo ainda melhor. Ela faz algo que sinto falta nas outras séries da parceria Marvel-Netflix, que é trabalhar bem todos os personagens, e todos terem suas motivações bem estruturadas, a ponto de você questionar quem é realmente bom, e quem é realmente malvado. Será que temos uma definição simples para isso? Bem, Demolidor consegue transcrever bem o quão cinza ambos os lados conseguem transitar. Toda a jornada de Ray Nadeem, e do nosso conhecido agente PointDexter, mostram como eles sabem desenvolver personagens como ninguém.
Matthew Murdock, se torna um questionador das ações de Deus, não só um observador ou um mensageiro como ele mesmo se denominava, mas um homem descrente, sem esperanças, e completamente caído. Se isso não fosse o bastante para considerar um tom de fidelidade ao trabalho do mestre Frank Miller. Existem pequenas ligações entre os personagens, trechos de passado revelados, e pequenas mudanças de tom que transformam os personagens que conhecemos na série cada vez mais parecidos com os dos quadrinhos. A forma como a Freira Maggie é usada na trama, é uma mistura de Queda de Murdock e Diabo da Guarda.
Essa temporada também marca o retorno de Wilson Fisk e a introdução do mercenário ao universo da série. Se você gostou do Fisk na primeira temporada, vai vibrar com os momentos do vilão. A atuação de Vincent D’Onofrio é impecável. Além do icônico terno branco, temos a verdadeira face manipuladora do vilão, o cara controla o país inteiro em prol de suas vontades, incluindo o FBI. Já o Mercenário, tem todo um arco de introdução do personagem, todos os seus problemas de personalidade, e sua sede de sangue. Pointdexter ainda não é o conhecido mercenário, mas é um personagem denso, e tem o melhor arco da temporada, ao lado de Ray Nadeem.
Avaliando tecnicamente, sabemos o quanto Demolidor acertou nas temporadas anteriores, e a série continua em alto nível. A fotografia, as coreografias de luta, a direção, trilha sonora, e principalmente o roteiro e as atuações, são todas trabalhadas da melhor maneira. A atuação de todos os atores entregam o máximo que poderíamos esperar.
Com as séries do mesmo universo sendo canceladas, principalmente pela fraca recepção da crítica e do público, Demolidor é um oásis em meio ao deserto, e se mostra como a opção mais acertada da parceria Marvel-Netflix.