Filmes e Séries

Review | Altered Carbon

“Quando a morte não é mais um problema, a imortalidade se torna seu maior inimigo.”

Altered Carbon se passa no ano de 2348, onde a tecnologia já avançou o bastante para produzir um método de burlar a morte. As consciências humanas salvam todos os seus dados em cartuchos, se esses cartuchos não forem danificados, eles podem ser colocados em novos corpos que mantém toda a sua memória e consciência. De um lado temos a elite, capaz de escolher suas novas “capas” e de outro, temos a população comum, que é jogada em qualquer capa disponível, podendo ser inclusive de outros sexos, raças, idade e tamanho. Os ricos ainda tem a opção de serem clonados e manterem a mesma aparência para a eternidade.

Nesse contexto moderno muitos questionamentos são colocados ao espectador, como o caso da religião, como os cristãos veem essa versão de imortalidade? A morte é um aspecto importante pro cristianismo. Será que não temos efeitos colaterais ao passar por vários corpos? Como funciona num contexto psicológico? Mesmo o conceito de amor é posto em cheque por tantos anos.

Em meio a esse universo conhecemos Takeshi Kovacs, um militar treinado, considerado ex-criminoso, que é revivido em uma capa extremamente treinada para investigar a morte do milionário Laurens Bancroft, um homem poderoso, dono de uma indústria de corpos e que foi identificado como suicídio pela polícia local. Takeshi é extremamente desconfiado e observador, e contesta a todo momento o modo de vida de Bancroft. Acompanhando cada movimento do nosso investigador, temos a policial Ortega, uma latino americana que vem de uma família cristã e tem um senso de justiça altíssimo.
O desenrolar da trama não acontece de maneira lenta, apesar de ser detalhista em diversos pontos. É interessante o modo como a direção te faz pensar a todo momento em tudo o que está acontecendo. A trama não é sobrecarregada de informações, e você vai descobrindo o mundo junto com Takeshi.

A direção de arte é impecável, e a fotografia lindíssima. Filmes como Ghost in The Shell e Blade Runner são claras inspirações visuais. Apesar de todo o futurismo, sempre achamos aquelas lugares com ar old school, como estúdios de tatuagem, boates e afins. A trilha sonora é boa, apesar de sentir falta de alguns tons mais frenéticos enquanto a ação ocorre, mas no geral o saldo é positivo.

As atuações são muito boas, Joel Kinnaman faz um personagem tão sisudo quanto o John Wick de Keanu Reeves. James Purefoy continua fazendo seus vilões excêntricos e praticamente repete o mesmo papel de The Following, o que não é nenhum demérito. Martha Higareda também está excelente no papel da policial mexicana, junto com os outros coadjuvantes.

Altered Carbon é uma grata surpresa no catálogo da Netflix, e os fãs de ação e Ficção Científica ficarão satisfeitos com o resultado. Espero que a segunda temporada não demore!

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