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O Menino da Mala | Resenha

Esse livro pode ser julgado pela capa e título, literalmente fala de um menino de 3 anos, nu e drogado que é encontrado em uma mala velha no guarda volumes de uma estação de trem na Dinamarca. Sim, é uma história forte, e assim que comecei a ler não consegui mais parar. Precisava saber o que tinha acontecido e o que aconteceria com todos os personagens.

Cada capítulo do livro narra a história do ponto de vista de um dos personagens principais, é bem interessante a visão dos fatos que cada um tem sobre a mesma situação. Vamos aos personagens:

O primeiro a ser apresentado é Jan, um executivo milionário que mora em uma mansão isolada na Dinamarca, ele é casado com Anne e ambos têm um relacionamento que vem se desfazendo ao longo dos anos.

“Jan deu uma última tragada e jogou o cigarro no chão, apagando-o com o calcanhar para não atear fogo na grama seca. Ficou ali por mais um tempo, deixando que o vento dissipasse das roupas e dos cabelos o cheiro da nicotina. Anne ainda não sabia que ele havia voltado a fumar.”

Depois conheci Sigita, funcionária de uma empresa qualquer na Lituânia, com um salário suficiente para bancar a vida de classe média que levava com seu filho Mikas de 3 anos.

Jucas desde pequeno foi abandonado à própria sorte, sem uma família que o amasse e se importasse com seu bem estar, ele sofreu abusos e cresceu aprendendo a se virar sozinho. O resultado foi um brutamontes que com frequência perde a calma e que pode facilmente matar alguém à pancadas

“Às vezes Jucas sonhava com uma família: a mãe, o pai, um casal de crianças. Quase sempre eles estavam à mesa, comendo o jantar preparado pela mãe. Moravam numa casa com jardim, onde havia macieiras e pés de amora. Todos sorriam, sinal de que eram felizes.

Ele, Jucas, se achava do lado de fora da casa, olhando para o interior. Mas sempre tinha a impressão de que sua presença ali seria percebida a qualquer instante e o pai viria à porta, abrindo um sorriso ainda mais largo para dizer: ‘Finalmente você chegou! Entre, entre!’ “

Apesar do título da história, a personagem principal se chama Natasha (Nina para os íntimos – risos-), uma mulher casada e com dois filhos que durante o dia trabalha como enfermeira da Cruz Vermelha e nas horas vagas salva vidas dos imigrantes ilegais.

Com os personagens devidamente apresentados, vamos a história: Jan se vê preso a um acordo com um homem de má índole e nenhuma moral, ao que tudo indica. A situação não poderia ser pior e ele ainda teve que envolver Karin nessa situação toda por culpa do atraso na decolagem de um avião. Por que as coisas não podiam ser fáceis na vida dele?

O menininho na mala da estação de trem é o Mikas, que é encontrado por Nina, após seguir instruções um tanto inusitadas de sua amiga Karin. Ao encontrar o menino, Nina se vê conectada com o extinto de salvar e proteger a criança. Em busca de alguma informação que possa ajudá-la a resolver o mistério sobre quem é o menino, ela volta até a estação e lá se depara com um homem enorme, forte e com feições de que poderia matar alguém sem muito esforços chutando a porta do guarda volumes de onde ela havia tirado a mala com o menino a poucos minutos. Nos segundo seguintes os dois cruzam olhares e antes que Jucas possa alcançá-la, Nina foge o mais rápido possível e percebe que se aquele homem colocar as mãos no garoto, algo de muito ruim irá acontecer.

“Até então, não tivera tempo para observar o menino direito. Dera-lhe no máximo 3 anos, mas agora, reparando melhor, achou que ele era, na verdade, apenas pequeno para sua idade. Era bem possível que já tivesse 4. Ela acariciou o rosto dele, correu os dedos pelos lábios finos. Os cabelos eram curtos e tão claros que pareciam brancos; a pele, fina como pergaminho e quase azul sob a luz que passava pelas persianas.”

Enquanto isso, na Lituânia, Sigita acorda em um hospital, com um braço quebrado e engessado, dores de cabeça fortíssimas e sem se lembrar do que aconteceu. Logo uma enfermeira informa que ela foi encontrada em um beco, em estado de coma alcoólico. Ela também havia caído de uma escada e por isso estava toda machucada. As explicações da enfermeira não faziam sentido nenhum para ela, já que não bebia e não se lembrava de ter ido a nenhum beco. A última coisa de que se lembrava era de estar em casa com Mikas. Onde estava Mikas? Desesperada, Sigita se vê perdida em um mar de falta de memória e maus pressentimentos.

“Meu coração não está pesado, pensou Sigita. Está no fundo do mar, perdido na escuridão. A mesma escuridão que a invadiu de repente, fazendo com que ela se impacientasse com a vizinha intrometida, apesar de bem-intencionada.”

Esse foi meu primeiro livro das autoras, elas já tem muitos outros publicados onde continuam a contar a história da enfermeira Nina.

A história foi escrita de forma a envolver e instigar o leitor a querer saber o que vai acontecer na próxima página. O livro tem também um toque de realidade assustador que faz com que o leitor tenha a sensação de que os fatos narrados na história poderiam facilmente acontecer na realidade.

Indico esse livro para a galera que curte histórias policiais complexas.

Lene Kaaberbol e Agnete Friis | Editora Arqueiro | 2013 | 252 páginas

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