Literatura

Resenha | Maus

Há uma enormidade de obras relatando a Segunda Guerra Mundial. Algumas verídicas, outras fantasiosas, baseadas no que se conhece. Até eu mesma já tracei esse caminho em um romance. Maus poderia ser apenas mais uma delas, mas não é. Essa obra prima de Art Spiegelman foi a primeira HQ a conquistar nada mais do que o prêmio Pulitzer, o mais importante do jornalismo mundial. O que choca e impressiona em Maus é que cada linha, cada fato retratado nela é real.

Spiegelman usou a HQ para contar as histórias de seu pai, Vladek Spiegelman. Ele foi um judeu-polonês que sobreviveu ao famoso (e terrível) campo de concentração de Auschwitz. Cada relato compartilhado nela foi tirado de conversas e histórias que seu pai contava desde que ele era criança.

Inicialmente, Maus não era uma HQ. Art publicava em tirinhas para a revista underground Raw, que publicava contribuições de artistas americanos e europeus, da qual era sócio-fundador. Durante o período de 1980 a 1991, Maus era presença cativa da revista. Em 1996, o autor juntou todas as tirinhas e transformou no volume 1, Maus – A História de um Sobrevivente (Meu Pai Sangra História). 5 anos depois ele lançou o volume 2, Maus – E aqui meus problemas começaram. E foi aí, na união dos dois volumes, que ele ganhou o famoso prêmio.

Mas por que você acha que é uma obra-prima, tia Mah? Bem, meus amigos, essa HQ em preto e branco consegue ser diferente de qualquer outro livro ou HQ relacionados à Segunda Guerra Mundial e ao holocausto. Poeticamente, Art transforma os judeus em ratos (taí o nome da HQ). Os nazistas, então, não poderiam ser nenhum outro animal que não fossem os arqui-inimigos do rato: os gatos. E é assim que a história é construída e se desenrola: em uma brincadeira com uma realidade dura e visceral.

Com uma boa dose de humor e sarcasmo, o autor nos apresenta não só a história que seu pai contava de sua vida, mas também de todos os bastidores da guerra. Os poloneses são porcos, os franceses, sapos, os americanos, cachorros, os ingleses, peixes, os Russos, ursos e os Suíços, renas. Mas de repente, no meio do livro/HQ você esquece completamente dessa história de animais e consegue enxergar a crítica atrás de tudo, as entrelinhas e a dureza daquela realidade.

Algo que acho muito incrível na obra é que, diferente de muita coisa que lemos ou assistimos, Maus não trata os judeus como vítimas indefesas. Como se eles fossem perfeitos e o resto da humanidade não. Ao mesmo tempo que mostra o holocausto, ele brinca com o racismo explícito de seu pai e com sua avareza. Mostra que havia traição entre os próprios judeus, porque tudo ali se tratava de sobrevivência. Ele não romantizou a história do pai. Ele relatou exatamente como aconteceu. E é isso que deixa a história perfeita.

Através dos animais da HQ, Spigelman nos mostra a humanidade crua, sem dosar a pílula. Sua genialidade e brilhantismo transformam essa obra em algo imperdível! Para ler e reler.

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