Ok, falar sobre qualquer livro escrito pelo escritor britânico Bernard Cornwell para mim é altamente suspeito. Como podem notar pela minha minibiografia, ali embaixo, se trata do meu escritor preferido e eu dificilmente seria imparcial. Mas há um motivo para isso… Depois de mais de 40 obras, entre elas, as famosas e formidáveis Crônicas Saxônicas e a incrível trilogia do Rei Arthur, e uma série de TV, The Last Kingdom (Saudades, Uthred!), Cornwell não precisa provar nada a ninguém, muito menos para mim!
Todo escritor tem a sua especialidade: Stephen King é o rei do terror; Agatha Christie, a dona do suspense; Jane Austen, do romance; JK Rowling, da magia; EL James… Deixa pra lá… E Bernard Cornwell, é o Rei da batalhas!
Nessa resenha vamos falar da trilogia que tem as que eu, titia Mah, mais sou apaixonada: A trilogia do Graal!
A trilogia se compõe dos livros “O Arqueiro”, “O Andarilho” e “O Herege”. Neles conhecemos Thomas, um rapaz que vive em uma pequena aldeia na costa britânica, chamada Hookton, filho bastardo de um padre e sua empregada. Seu sonho é entrar para o exército inglês e se tornar um grande arqueiro. No entanto, seu pai não aprova e o cria para ser membro do clérigo, assim como ele. Por isso Thomas se torna um homem culto e conhecedor de diversas línguas (PS: Sim, Thomas é e sempre será meu maior crush literário).
A vida de Thomas muda completamente quando seu pai é brutalmente assassinado e uma famosa relíquia católica, a lança de São Jorge (protegida por ele) é roubada. Thomas promete ao pai que vingará sua morte e recuperará a lança. Ao deixar a aldeia, mal sabe ele que seu destino seria muito maior do que apenas encontrar Arlequim, o assassino de seu pai. Como já era um excelente arqueiro, logo no início da saga, ele se junta à campanha inglesa durante a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra, e fica esperando pelo momento certo.
Como este momento demora para chegar, o rapaz acaba “esquecendo” de sua promessa, até que acontecimentos o fazem lembrar, e, principalmente colocam em seu caminho não apenas a Lança de São Jorge, mas a lenda do Santo Graal. E aí temos uma aventura como nenhuma outra e é só isso que falarei do livro, porque vocês precisam ler e não quero dar spoilers. Só preciso dizer o que faz dessa trilogia uma obra prima.
Lá no começo do texto eu falei sobre Cornwell ser o rei das batalhas, agora explicarei por quê. Quando pensamos em ler sobre a descrição de uma em um livro, às vezes vem à cabeça algo maçante, descritivo demais para ser interessante, mas não é isso que temos aqui. O escritor consegue colocar você dentro daquele banho de sangue literário de forma que você quase pode sentir o calor da luta! De repente, é como se os arcos longos ingleses estivessem ao seu lado e você visse a artilharia correr ao encontro das bestas francesas. Pessoas eram atingidas ao seu lado e você ainda tem que recolher as flechas que caiam porque nunca são suficientes. E você torce por Thomas de Hookton como se ele fosse parte de sua família. Não, queridos leitores, as batalhas de Cornwell, por mais descritivas que sejam, nunca são maçantes. Elas te levam ao século XIV e te deixam por lá.
Outra coisa extremamente interessante na trilogia é o embasamento histórico. Como tudo que Cornwell escreve, você percebe que a parte de pesquisa para compor a obra é extremamente bem feita. Muitos dos acontecimentos da história são reais e com uma acurácia impressionante! Dá para você, que vai prestar o Enem esse ano, dar uma olhada para estudar até, viu? Só não esqueçam que foram os franceses que ganharam a guerra no fim!
Os personagens também são um primor a parte. A construção deles é perfeita e não tem como não amar todos. Embora nenhum seja tão incrível quanto o protagonista (Thomas, te amo!). A dificuldade e indecisão dele em relação a fé, seu ceticismo e paixão permeiam toda a história e criam uma identificação instantânea! Até mesmo seus romances são reais, e não idealizados e melosos. É a vida como ela é.
Assim como qualquer coisa que Cornwell escreve (momento fangirling), dificilmente você vai conseguir parar de ler após começar. E se sentir muitas saudades de Thomas de Hookton, depois você pode conferir o livro 1356, que é quase uma continuação da trilogia. Ele se passa cerca de dez anos após os acontecimentos dela e conta as aventuras de Thomas atrás de outra relíquia católica, a espada “La Malice”, usada por São Pedro para defender Jesus. Vale conferir! Quanto à trilogia? Nota 5,0/5,0!