Durante a semana de lançamento do filme do Coringa com o Joaquim Phoenix, eu estava conversando com os meus colegas de site sobre como as pessoas faziam uma identificação até errônea com o príncipe palhaço do crime. Meu principal questionamento era: “Como as pessoas conseguem se identificar com personagens sociopatas, psicopatas, criminosos, e não conseguem se identificar com o Superman?”
Veja bem, ninguém é obrigado a gostar do escoteiro, do certinho, do comumente chamado de chato entre os mais jovens e fãs do homem morcego ou do bilionário da outra editora. A minha pergunta é no sentido íntimo, pessoal e moral de cada um.
Dias atrás saíram notícias em diversos veículos falando que a Warner teria engavetado os projetos do Super-Homem por quê era um personagem difícil de trabalhar e que as pessoas não conseguiam se identificar com ele, categorizando o personagem como não relevante. E eu tenho que concordar com uma única coisa nessa asneira dita: O Superman é um personagem que as pessoas não conseguem se identificar.
Vivemos numa sociedade onde cada dia mais as pessoas tem medo de fazer as coisas. Medo de sair de casa, medo de andar nas ruas, medo de serem sequestradas, de morrerem em um assalto. Eu sou carioca, vivo no Rio de Janeiro onde a violência tomou conta de tudo e todos. E concordando ou não com um viés político, vejo todos os dias as marcas que a violência, o medo e a opressão trazem para a conhecida “Cidade Maravilhosa”.
Vemos diariamente nos noticiários os refugiados das grandes guerras no mundo inteiro migrando sem rumo em busca de paz, vemos os atentados terroristas que aconteceram na Europa nos últimos 2 anos, vemos um presidente americano que traz um discurso de esmagar minorias em prol do “sangue puro americano”.
Realmente, não dá pra se identificar com um cara que tem o poder de governar todo o mundo e escolhe todos os dias fazer a coisa certa. Que escolhe lutar pelos mais fracos, pelos necessitados. Como vamos nos identificar com um imigrante refugiado que carrega as cores do país mais poderoso do mundo sem agir como opressor? Como vamos nos identificar com alguém que pode ter todo o dinheiro do mundo, mas escolhe ser um jornalista (Uma classe que anda tão desvalorizada) e levar a verdade até as pessoas?
É, a Warner tem razão, não dá para se identificar com alguém que faz o bem sem olhar a quem. Mas, podemos fazer algo melhor. Podemos nos inspirar nele. Podemos olhar aquela figura messiânica a partir de suas escolhas, e não a partir de seu poder e pensar: Será que se eu tivesse todos esses poderes, eu escolheria salvar um gato preso numa árvore? Será que eu podendo estar em qualquer lugar no universo, estaria presente no momento certo para aqueles que precisam de mim?
Se a resposta for não para qualquer uma das duas perguntas, é um sinal que precisamos mais do que nunca de um Superman. Não uma figura messiânica de um falso Deus para governar a todos, não o seu político de estimação que independente do espectro político tem muitas intenções. Mas, a ficção existe para isso, para nos inspirar, nos emocionar, nos educar. Mais do que nunca, precisamos de um filme do Superman.

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