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Outsider | Resenha

E se os nossos maiores pecados fossem cometidos por nós mesmos de forma inconsciente, causando drásticas consequências a nossa reputação? Pode parecer confuso num primeiro momento, mas Outsider trata justamente disso

O livro de Stephen King publicado no Brasil pela editora Suma, narra a história de um assassinato cometido nos tempos atuais na cidade de Flint City. O corpo do garoto Frank Peterson é encontrado no parque totalmente desfigurado e com partes do corpo literalmente mordidas, e que de acordo com a perícia, não foram cometidas por um animal, mas sim por humano!

O principal e único suspeito do crime é Terry Maitland, treinador do time de beisebol na cidade e reconhecido por todas as famílias da região. Diversas testemunhas alegam ter visto o homem na noite do crime, e inclusive uma criança chegou a vê-lo sair todo ensanguentado do local. Tudo leva a crer que Terry é o assassino brutal do garotinho, mas outras evidências mudam o rumo da história.

Howie Gold, advogado da família, é convocado pela esposa de Terry a apoiar na resolução da prisão, e surgem determinadas evidências que fazem com o que o caso vire uma montanha-russa de emoções. Afinal, Terry realmente matou o garoto ou teria a polícia de Flint City agido de forma eloquente ao concretizar a prisão?

Ralph Anderson é o principal integrante da polícia responsável pelo crime e está em suas mãos o desenrolar das investigações. Pelo seu filho Derek já ter uma certa proximidade com Terry no passado, há uma motivação maior em desenrolar o assassinato e de fato provar quem é o culpado.

No primeiro terço do livro, Stephen King é capaz de nos colocar contra a parede jogando evidências prós e contra Terry na nossa cara, nos fazendo questionar aquela prisão. Afinal, o fato tão exacerbado do início do livro já estaria ali desvendado?

Para compor a investigação, outro núcleo surge na trama. A investigação tem parte fundamental situada em Ohio, e para isso a investigadora Holly Gibney é convocada pela polícia local para apoiar na resolução do caso, e até mesmo levar o caso do assassinato de Frank Peterson a um outro patamar que jamais imaginaríamos.

Quando eliminamos o impossível, o que resta, por mais improvável que pareça, deve ser a verdade

A frase acima foi usada por Arthur Conan Doyle em uma das aventuras do mítico detetive Sherlock Holmes, porém se encaixa como uma luva quando temos conhecimento da resolução do caso, por mais improvável que possa parecer.

Stephen King trabalha em Outsider com uma nuance de sentimentos que já conhecemos de outras obras. O primeiro ato é bem mesclado entre o drama das famílias Peterson e Maitland, em conjunto com o mistério da investigação de Ralph. A partir daí, a história ganha tons de suspense e aventura, finalizando com a pitada certa de terror do autor.

Apesar de ter uma quantidade acima do padrão para os livros, 560 páginas passaram tão rápido quanto um livro mediano de 200 para mim. A intensidade da história, o desenrolar da investigação e a curiosidade que Stephen King nos desperta motivou a leitura de forma corrida e equilibrada, me possibilitando uma conexão com os personagens por mais diversos que fossem.

Não há fim para o universo.

Para concluir, achei essa frase sublime. Ela só passa a ser citada nos momentos finais do livro, mas me trouxe uma reflexão ambígua de interpretação. Afinal, estamos lidando com um universo fechado de início, meio e fim, ou não há limites para o que podemos encontrar na próxima esquina?

Stephen King mostra em Outsider aquilo que já foi trabalhado em outras obras, mas com um esmero de adaptação a atualidade que me conquistou. O nosso maior medo pode estar bem ao nosso lado, mesmo sem que nós saibamos. A lição que o livro traz é que o principal de tudo não é temer o impossível, mas sim acreditar que um dia aquilo pode se tornar possível.

Outsider apesar de recém-publicado em 2018, já possui uma adaptação em formato de série para a HBO. 10 episódios foram produzidos para esta que de acordo com o próprio King, é uma das melhores adaptações de sua obra.

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