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O Diabo de Cada Dia | Crítica

O que você considera o maior mal da humanidade? Já parou para pensar que olhar para os outros pode fazer você mesmo esquecer que pode estar fazendo o inferno da vida do outro? O Diabo de Cada Dia, novo longa da Netflix, aborda justamente essa questão: o mal está sempre do nosso lado.

Quando você se depara com o título desse filme, pode muito bem imaginar que é um filme de terror, aonde o protagonista vai lidar com demônios e criaturas de outro mundo que têm o único objetivo de aterrorizar o plano mundano, certo? Pois bem, o filme retrata justamente isso, mas veja isso com outros olhos, aonde ao invés de criaturas demoníacas temos uma família pobre, um vilarejo aonde a atração da cidade é a igreja manipulada por seu pastor e um policial corrupto.

O mal está onde você menos esperar

O Diabo de Cada Dia é dirigido e roteirizado por Antonio Campos, jovem diretor americano, filho de brasileiro e que é visto com excelentes olhos para uma possível futura disputa do Oscar. Destaque no cinema independente, dirigiu alguns episódios de The Sinner e um episódio da 1ª temporada de Justiceiro, todas pela Netflix que lhe proporcionou o primeiro filme com grande elenco.

Muito além de sua trama, a divulgação do filme foi exaltada em torno de seu elenco, o que de fato é algo muito considerável. Tom Holland, Robert Pattinson, Bill Skarsgard e Sebastian Stan são alguns dos nomes do estrelado elenco do longa, que promete gerar muitas discussões por um bom tempo entre os fãs do serviço de streaming e de boas produções.

É difícil definir gênero, mas eu diria que O Diabo de Cada Dia é um thriller dramático, que retrata as malezas de um vilarejo corrompido desde seus primórdios, por famílias que tem um longo rastro de sangue em sua jornada. Arrisco a dizer também que fãs de histórias entrelaçadas como Fargo, ficarão extremamente satisfeitos com o resultado final do longa.

Era uma vez em Knockemstiff

O Diabo de Cada Dia se passa em meados dos anos 50, quando os EUA vivia a transição entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã, e que por consequência disso, o fanatismo religioso e o tradicionalismo de famílias alheias a sociedade que se desenvolvia, era cada vez mais aflorado.

A linha narrativa do filme tem 3 momentos, todos eles baseados em Arvin Russell (Tom Holland). O nascimento, a infância e a fase adulta do personagem é o que norteia a evolução do filme, mostrando que independente da fase que estamos sendo apresentados, diversas semelhanças são apresentadas no comportamento dos moradores e nas ações ali ocorridas.

O enredo faz questão de nos evidenciar tudo o que alimenta as sementes do mal de uma sociedade, através de críticas muito bem construídas quanto ao fanatismo religioso incontido, a hipocrisia de líderes religiosos perante seus seguidores, a corrupção dos homens da lei e atividades ilícitas que se mantém a beira da sociedade, tirando proveito de pobres e indefesos.

Um filme que não tem medo

De fato, O Diabo de Cada Dia não é um filme que te faz ter medo dos personagens ou da trama, mas sim refletir e ter raiva do quanto somos corrompidos pelo mal que cresce na mente das pessoas de coração fraco. O que mais fica evidente ao final da história é que o pior mal está em nós mesmos.

A atuação de cada um do elenco é um destaque a parte, e que mostra que atores já conhecidos como Robert Pattinson e Tom Holland são muito além de um vampiro que brilha no Sol ou de um amigão da vizinhança. Se você critica ambos, recomendo assistir esse filme e vir aqui discutir depois, afinal dão uma aula de atuação.

A trilha sonora do filme me encantou muito, e é algo de fato relevante para pontos chave do filme, não sendo aquelas que me fizeram esquecer ao final dos créditos. 2h20 de filme passaram de forma tão rápida que nem parece ser um filme tão longo assim, dando pontos muito importantes para o enredo do filme.

Apesar de estar esperando muito por O Diabo de Cada Dia desde suas primeiras imagens, após assistir o filme fiquei extremamente satisfeito e muito mais surpreendido do que imaginava. Entrei de cabeça na trama sem nem saber aonde estava entrando, e sai aproveitando um dos melhores filmes que o selo Netflix já fez.

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