O Ceifador é o primeiro livro da trilogia Scyth escrita pelo autor americano Neal Shusterman. Nessa historia Shusterman cria um universo distópico onde os avanços tecnológicos atingiram o ápice e a inteligência artificial perfeita foi criada, a Nimbo-Cúmulo que seria a sucessora da Nuvem que usamos hoje como fonte de armazenamento.
Sendo perfeita, a Nimbo-Cúmulo conseguiu extinguir a fome, as rendas foram divididas igualmente entre as pessoas, todos tem acesso a saúde, educação, segurança, a política deixou de ser necessária e com sua extinção a corrupção também deixou de existir. Mas o maior feito da Nimbo-Cúmulo foi indicar o caminho para que o ser humano se tornasse imortal, nenhuma doença atinge mais a população e caso algum acidente aconteça, a vitima é imediatamente levada por ambudrones para um centro de revivificação onde todo e qualquer tipo de ferimento é curado pela tecnologia (até mesmo implante de membros decepados).
A maior conquista da humanidade não foi vencer a morte. Foi vencer o governo.
Além disso, todas as pessoas possuem em seus organismos nanito que liberam endorfinas quando a pessoa sente alguma dor, eles também conseguem fazer cura avançada de ferimentos mais leves, controlam a química cerebral ligada as emoções (doenças como depressão não existem) e controlam até o metabolismo para que a pessoa esteja sempre em forma.
Claro que com a imortalidade surgiu o inconveniente da superpopulação mundial. Então foi criada a Ceifa, um grupo de humanos selecionados que seriam responsáveis por coletar vidas. Dez mandamento foram escritos e eles são a lei da Ceifa, o ceifador que não cumpre a lei é severamente punido.
A Nimbo-Cúmulo sempre sabe tudo que esta acontecendo em todos os lugares a todo momento, ela intervém quando necessário e mantém a ordem no mundo. Entretanto, quando a Ceifa foi criada, a Nimbo-Cúmulo decidiu impor uma lei que a proibisse de interferir em assuntos da Ceifa da mesma forma que os ceifadores não poderiam ter acesso ao seu sistema.
Com metas de vidas a serem coletadas por ano, o número de ceifadores precisava ser constante e para isso jovens que demonstravam aptidão para o oficio se tornavam aprendizes. Os aprendizes são treinados por um ano e durante esse período tem imunidade, ou seja, não podem ser coletados.
– É só isso? Você não ouviu o que eu disse? Acabei de falar que sua irmã foi coletada hoje.
O homem suspirou.
– Aquilo que vem não pode ser evitado.
Assim começa a história, O Honorável Ceifador Faraday decide acolher dois jovens para serem seus aprendizes Rowan Damisch e Citra Terranova. Ambos precisaram abandonar suas famílias e vidas para iniciar o treinamento que consiste em acompanhar o ceifador durante as coletas, estudar armas, lutas corporais, tipos de veneno e historia da humanidade. Resumindo, eles precisavam aprender a matar, algo que nenhum dos dois queria fazer.
Por não estar sob o domínio da Nimbo-Cúmulo a Ceifa está corrompida e Citra e Rowan logo se veem sendo usados como marionetes em disputas políticas e intrigas. A vida dos aprendizes passa a corre risco e ao fim de seu treinamento um deles terá que morrer.
Antes do inicio de cada capitulo a página do diário de algum ceifador e apresentada e nesse pequeno texto questões morais e sociais são apontadas, questões que podem ser aplicadas nas ações da sociedade atual. Chega a ser cômico ler a reação dos personagens quando assuntos relacionados a Era da Mortalidade surgem na história e como eles lidam com essas questões que parecem tão abstratas na sociedade em que vivem.
No fim, a arte foi o que mais pesou em sua decisão. As telas assombraram seus sonhos naquela noite. Como devia ter sido na Era da Mortalidade? Cheia de paixões, boas e ruins. O medo dando origem a fé. O desespero dando sentido à felicidade. Diziam que os invernos eram mais frios e os verões mais quentes naquele tempo.
Ler essa história foi uma surpresa gratificante, não esperava que fosse gostar tando assim! Shusterman conseguiu compor uma trama envolvente, cheia de reviravoltas que instigam o leitor a não querer parar de ler. A história não tem pontas soltas, mesmo se tratando apenas do primeiro livro da trilogia. Os personagens foram bem construídos e é quase tangível a evolução e amadurecimento pelo qual Rowan e Citra passam.
A edição que li foi publicada em 2017 pela Editora Seguinte, o livro contem 442 páginas de papel pólen soft (aquele amarelinho e macio). Acabamento e diagramação impecáveis e o melhor de tudo, na aba da contra-capa vem uma marca páginas temático do livro.
O segundo livro da trilogia (A Nuvem) já foi publicado aqui no Brasil, também pela Editora Seguinte. O terceiro livro (The Toll) ainda está em pré venda na versão em inglês e sem data exata de publicação por aqui.
Se você curte distopias, O Ceifador não pode ficar de fora da sua lista de próximas leituras.