Filmes e Séries

Love, Death & Robots (Netflix) | Crítica

Love, Death & Robots, também caracterizada como LOVE DEATH + ROBOTS, é uma série americana animada de antagonia de
Tim Miller e David Fincher, disponibilizada pelo Netflix, que teve sua estreia no dia 15 de março de 2019. A produção conta com 18 episódios, independentes, que mostram histórias extraordinárias, futurísticas e muitas delas, muito, mas muito bizarras. A duração dos episódios vária de 6 até 16 minutos em média, mas o tempo dos mesmos não representa a quantidade de conteúdo e informação que eles apresentam. O que falta em tempo, sobra em qualidade e criatividade. Valendo lembrar que alguns dos episódios não são animações, contando com personagens reais e muitos efeitos especiais.

Cada animação foi feita por uma equipe diferente, e são notáveis a diferença de estilos e traços. Alguns dos episódios são bem caricatos e apresentam um aspecto mais leve e descontraído, enquanto alguns tomam tons mais sérios e intensos. Ao meu ver cada episódio busca contar alguma história que surpreenda o espectador, bem no estilo “Black Mirror“, com aquela mistura de tecnologias inovadoras e o impacto que elas causam ao ser humano e o planeta. Outra semelhança com Black Mirror, que notei, foi na apresentação de cada episódio, desde a aparição do nome do episódio e da série, e o barulhinho que os acompanha no fundo, como se fosse um zumbido agudo.

Tudo isso cria uma mística perfeita para cada episódio, que por aqui, lhes apresentarei brevemente o que cada um deles trata, e de certa forma o que vocês podem esperar, mas sem dar spoilers, pois o interessante da série mesmo, além da qualidade incrível das animações, são os “plot twists” de cada episódio. Valendo lembrar que esta é uma série não recomendada para menores de 18 anos, tendo episódios que apesar de serem animações, contam com cenas de “nudez” e violência.

1 – Sonnie’s Edge: Uma menina chamada Sonnie, controla um monstro em batalhas subterrâneas, e junto de sua equipe, está invicta. Uma grande quantidade de dinheiro é oferecida para que ela perca a próxima luta, colocando em prova as virtudes de Sonnie. Este episódio me marcou muito pelo realismo e por chegar chutando a porta com as duas pernas, como primeiro episódio, com uma história envolvente que já vai te deixar querendo mais!

2 –  Three Robots: O título é autoexplicativo! Três robozinhos amigos saem explorando o mundo em ruínas, após aparentemente a raça humana ter sido extinta. Nesta incrível viagem, eles aprendem muito sobre seus “antepassados” e sobre os gatos, isso mesmo, gatos! O segundo episódio é bem mais leve que o primeiro, focado muito mais em um humor irônico e descontraído, porém deixando lições de moral muito importantes.

3 – The Witness: Enquanto se arruma para um dia de trabalho, uma mulher ouve barulhos estranhos vindos do outro lado da rua. Ao observar o prédio vizinho, ela testemunha um assassinato, e fará de tudo para não ser a próxima vítima. “ATENÇÃO! Episódio não recomendado para pessoas com problemas cardíacos!” Para mim, este foi o melhor episódio da série, o “plot” do mesmo é incrível e a animação representada na China é muito bem feita, dando a sensação que você está na pele dos personagens.

4 – Suits: Em um ambiente onde aparenta ser o interior dos Estados Unidos, um pequeno grupo de vizinhos busca defender sua comunidade de invasões alienígenas, utilizando apenas robôs, armas e a confiança entre eles. Este é um episódio que me marcou muito também, pelo tema que ele aborda, não só a ficção científica, mas também sobre o que ele fala sobre a amizade, fora o final mega “WTF?”.

5 – Sucker of Souls: Um arqueólogo “destemido” junto de seu assistente, contratam um grupo de mercenários para explorarem ruínas abandonadas. Infelizmente, o que eles encontram lá não são tesouros, mas sim um monstro, com uma fraqueza inesperada. Os traços do desenho desta passagem me marcaram muito, por me passarem uma sensação de que os personagens estavam em um ambiente antigo, perigoso e sombrio.

6 – When The Yogurt Took Over: Exatamente isso, o yogurt virou dono da porra toda!!! De forma “acidental” cientistas desenvolvem um yogurt capaz de pensar e tomar decisões inteligentes, provando que não precisa muito para ser mais sagaz do que os humanos. A mensagem passada por este pequeno episódio de 6 minutos não é nada rasa, ela mostra o quão pequenos nós somos e o quanto não merecemos o planeta em que habitamos.

7 – Beyond the Aquila Rift: A tripulação da nave espacial “Blue Goose” se prepara para realizar um salto temporal, porém devido a um erro de cálculos eles acabam parando em um lugar muito distante de onde desejavam, infelizmente. Considero este um verdadeiro episódio de terror, pois minuto a minuto você fica mais tenso com o que pode acontecer, e o resultado final é apavorante, imaginar a situação em que a equipe se encontra me causou uma sensação muito desconfortável, o que me faz adorar este episódio, levando em conta que o terror psicológico de uma certa ameaça me assusta muito mais do que aqueles “sustos bobos” muito presentes nas obras atuais.

8 – Good Hunting: Um homem ensina seu filho a caçar criaturas espirituais místicas, em um ambiente que aparenta a China antiga. Por ironia do destino, o garoto acaba se aproximando de uma destas criaturas e convivendo com ela. Outro episódio que me impactou bastante, e que ao meu ver por mais fictício que ele seja, ele consegue de formas nada sutis e até bem pornográficas, expressar certos tipos de comportamentos que são inaceitáveis na nossa sociedade atual, como o machismo e a xenofobia.

9 – The Dump: O inspetor da saúde sanitária de uma cidade visita um lixão e tenta convencer o dono e aparentemente único morador do local, a se livrar de todo o lixo presente lá, mas tudo que entra no lixão, por lá deverá permanecer. Outro episódio que ao meu ver busca fazer uma crítica as atitudes que temos no nosso dia a dia, e o desprezo com pessoas ou coisas que consideramos “inferiores”. Não nego que o episódio em si não tenha me agradado muito, mas creio que pude tirar um proveito do mesmo.

10 – Shape-Shifters: Dois amigos entram juntos no o exército para ajudar na guerra, porém eles contam com um diferencial de seus colegas, eles não são meros humanos, mas sim, lobisomens! Está aí uma forma de colocar os lobisomens de uma forma diferente e mais… sangrenta, nas telinhas! O enredo do episódio em si é meio fraco e até certo ponto óbvio, porém os efeitos especiais e a selvageria apresentada compensam por isso.

11 – Helping Hand: Em uma missão espacial, uma moça deve fazer um reparo em sua capsula espacial, quando um acidente ocorre e coloca sua vida em xeque, forçando-a a tomar medidas extremas para sobreviver. Eu acho incrível como essa série em episódios como esse, passagens tão simples e rápidas, conseguiram me fazer sentira tanta tensão. Eu esperava um desfecho completamente diferente para esta trama, e o plot dele é com certeza surpreendente.

12 – Fish Night: Uma dupla de vendedores de porta em porta pega uma rota alternativa que passa pelo deserto, quando o carro em que viajam quebra. Devido a isso, eles decidem passar a noite por lá, para buscar ajuda no próximo dia. Outro episódio da série “WTF?”, que pra mim não fez o menor sentido, tudo que acontece é super lúdico e subjetivo, cheio de efeitos, cores e mistérios, pois honestamente eu vi e revi, e não entendi foi é nada!

13 – Lucky 13: Uma piloto novata das forças aéreas recebe sua primeira aeronave de combate, a azarada “Lucky 13” (ora, ora), uma nave (ou lata velha se preferir) que mais matou gente dentro dele, do que fora. Um episódio que utilizou atores reais, e cheio de efeitos especiais muito bem feitos, contando uma história que me lembrou muito o filme “The Love Bug”, e da “consciência” e relação do fusquinha “Herbie” com seus pilotos.

14 – Zima Blue: O artista mais renomado da história, Zima, após 100 anos, resolve dar uma entrevista falando sobre seu trabalho, história e o objetivo de sua arte. Uma jovem repórter é convidada para reportar isso e ver sua última grande obra. Meu, esse episódio é até difícil de eu colocar em palavras, fiquei boquiaberto com o desfecho surpreendente e com a mudança no tom do episódio ao final. Ele me fez pensar o tempo todo que algo aconteceria, quando o “plot” ocorre, algo completamente diferente rola, e me fez ficar louco ao ver isso, uma obra de arte de episódio, diga-se de passagem!

15 – Blindspot: Um grupo de robôs “humanoides”, posso assim dizer, coloca em ação um plano de atacar um caminhão cargueiro, com o objetivo de pegar um chip, mas as coisas não vão saindo bem como o planejado. Por algum motivo muito bizarro, eu via o Ciborgue dos Teen Titans a todo momento encarnado nos personagens deste episódio, que apresenta um humor mais ácido e “inocentemente violento”.

16 – Ice Age: Um casal se muda para seu novo apartamento, recém comprado, e por lá se deparam com um freezer muito antigo. Dentro do freezer, se deparam com outra “novidade”, uma civilização inteira habita por lá, e eles evoluem mais rápido do que o imaginado. Se não fosse o próximo episódio, por aqui mesmo já diria que este é o último da série “WTF?”, cara, uma civilização inteira dentro de um freezer, evoluindo, e um casal observando, mano, quem teve a ideia disso só podia estar muito louco na hora de escrever. O episódio é muito criativo, mas ao meu ver não apresenta muita surpresa.

17 – Alternate Histories: É apresentado um novo aplicativo/software, chamado “Multiversity”, e nele você pode observar como o mundo seria se você alterasse de alguma forma um acontecimento passado. E nesse episódio, são apresentadas 6 versões de como o mundo seria, se nada mais, nada menos que Adolf Hitler tivesse morrido antes de iniciar a Segunda Guerra Mundial. Pronto, agora sim, o ápice do “WTF?”, ao ver a introdução do episódio você pensa: “a vai ser algo sério, né?”. Mas não, o episódio é uma sátira total ao ditador alemão/austríaco, mostrando 6 formas completamente bizarras e simplesmente geniais de eliminá-lo antes do início da guerra.

18 – Secret War: O Exército Vermelho Russo move em uma avançada na Sibéria, para eliminar uma horda gigantesca de mortos vivos, dando uma certa visão diferente de como as Grandes Guerras poderiam ter sido, se seres como este existissem. Escolhido como último episódio para a série, Secret War termina de forma justa o show. Apresentando um visual muito bonito e realista, além de uma história até certo ponto envolvente, a trama termina após 18 episódios que são criativos, surpreendentes e agora, falando particularmente, significativos!

 Após assistir a série, e rever alguns dos episódios que mais gostei, como When The Yogurt Took Over” e “The Witness, por exemplo, cheguei a algumas conclusões. A série tem tons meio apelativos como o uso de cenas bem explicitas de violência e de nudez (mesmo que seja animação), que se justificam pelo estilo da trama, que é voltada para o público que buscava uma sequência de Heavy Metal. As histórias dos episódios, são extremamente criativas e fechadinhas, é difícil você não entender pelo menos 90% dos episódios, e praticamente todos eles, ao meu ver, buscam passar uma mensagem para o espectador, não apenas simplesmente ser algo jogado lá para você ver e pensar: “WOWOWOW SANGUE, SEXO, ARMAS, INCRÍVEL!”

O grande diferencial da série é o tempo dos episódios, curtinhos, para quem maratona poder ver rapidamente, e para quem tem pouco tempo poder ver aos poucos nos intervalos de tempo que tem. Isso é ótimo, pois a série da abertura para todos poderem assisti-la, ainda mais tenso os episódios independentes, o que tira a monotonia de séries que tem longos episódios, e você fica no aguardo, na ânsia do “plot twist” e das revelações, tudo é que nem é dito no trailer: “curto, doce e letal”.

E por fim, mas não menos importante: a abertura que esta série da a entrada e popularização de um novo gênero, pouco explorado, no mundo das séries. A única série super popular de antologia que eu conheço é “Black Mirror“, e eu vejo em Love, Death & Robots, um grande potencial de dar um novo impulso e atrair mais público para o gênero, apresentando histórias bem produzidas e com animações impressionantes.

E você, já deu uma conferida no novo “hit” da Netflix? Da uma checada que está valendo muito a pena, e vem aqui comentar, que eu quero saber o que você achou desta obra incrível! Muito obrigado!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *