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La Casa de Papel Parte 3 | Era necessário continuar?

Era início de 2018 e um fenômeno surgia vindo da TV espanhola. Avassalador, com uma história aparentemente previsível, mas que encantou a todos, La Casa de Papel arrebentava a porta da Netflix para entrar.

Para muitos (assim como eu) ali era construída e finalizada uma grande história, do grande assalto arquitetado pela mente genial do Professor e desenrolado por Berlim, Tóquio e os outros membros do bando. Não era necessária uma continuação… mas a Netflix apostou que daria pra fazer mais.

Os direitos da série foram compradas pelo serviço de streaming e Álex Pina tinha um desafio para lá de ousado: dar continuidade a história que começou como uma minissérie para a TV espanhola. Como? Sabe-se lá como isso ia acontecer, mas o grande desafio seria quebrar o clichê, manter a qualidade e não desgastar personagens tão grandiosos que o público passou a amar.

A parte 3 enfim chegou na última sexta-feira (19), e dessa vez direto ao serviço de streaming. A trama se passa 2 anos após o assalto a Casa da Moeda, com cada um dos membros sobreviventes vivendo uma vida espalhados pelo mundo, com o currículo marcado por cometer um dos maiores assaltos já vistos.

Tudo muda quando a vida pacata é interrompida, mais especificamente a de Rio e Tóquio. O casal que se formou dentro da Casa da Moeda tem a paz interrompida pela prisão de Rio, e agora todo o bando tem de se mexer para retomar a paz que tinham até então.

Dentre as regras do Professor ao grupo, uma delas é imprescindível desde o primeiro momento que reuniu todos: NUNCA deixe a emoção falar mais alto que a razão. Isso aconteceu por algumas vezes na primeira e segunda parte, deu errado e por mais calejado que estejam a emoção volta a aflorar no bando.

La casa de papel

O tom que a temporada leva é de recomeço. Quais motivações que o bando teria para deixar sua vida pacífica e voltar para um eloquente assalto gigantesco? Dessa vez muito maior: O Banco Nacional da Espanha. Assim como a série tomou proporções enormes na mídia e no público em geral, na trama a Resistência comandada pelo Professor também toma as ruas. Pessoas se vestem com a máscara de Dalí como símbolo de oposição ao sistema, a revolução nas mãos do povo.

O Professor e seus comandados tinham um grande aliado nessa história toda. O apoio popular é algo que é imensurável e tendo isso ao seu favor, é quase uma bomba nuclear contra a polícia, exército e toda força contrária ao assalto. Só que mal ele sabia que seu maior vilão estava aonde ele menos podia imaginar: dentro de si mesmo. Por mais que ele instruísse o grupo a seguir suas regras, ele próprio tinha receio do que vinha construindo de novo, praticamente andando em ovos.

La casa de papel

Para construir uma nova trama, o elenco vivo da primeira temporada foi todo mantido, contando com aquisições pontuais que agregam de forma perfeita a história. É praticamente um quebra-cabeças: sai Moscou, entra Bogotá. Sai Berlim, entra Palermo. Marselha, Lisboa (a inspetora Raquel Murillo) e Estocolmo (a Monica Gaztambide das primeiras partes), são membros adicionais ao bando que tem um papel fundamental arquitetado pelo Professor, como cada um dos personagens que se mantém.

A parte investigativa é praticamente toda alterada, apenas mantendo Angel, que tem um profundo sentimento de traição de Raquel guardado em si, o que motiva ainda mais suas ações para a caçada ao Professor. Se você já odiava Raquel Murillo como inspetora, é porque ainda não viu todos os atos da nova inspetora responsável pelo caso. Principal responsável pela prisão de Rio, é convocada para dar um basta ao grupo, enquanto que o novo coronel é um descontrolado com ações que de nada dão certo, um mero marionete nas mãos do Professor.

La casa de papel

Assim como o grupo na própria trama enriqueceu, a produção da série também teve uma injeção de dinheiro, fazendo com que aspectos fotográficos ficassem belíssimos. Desde a gravação em Ultra HD 4K até as locações utilizadas pelo mundo e na própria Espanha, a fotografia corresponde a altura a crescente que a série precisava ter.

A trilha sonora de La Casa de Papel… nem preciso falar, né? A série que trouxe Bella Ciao ao mundo não tem um hit para a parte 3, mas traz mais uma vez um conjunto musical impecável, correspondendo aos momentos de tensão, conquista, amor e morte.

Respondendo ao título dessa crônica… era necessário continuar La casa de papel? Não, não era. Escolher por fazer uma continuação me dava muito medo de estragar uma das tramas que mais me envolveu nos últimos tempos, mas fico feliz ao finalizar essa parte que sabem muito bem o que estão fazendo. Bravíssimo Netflix e Álex Pina, que venha a parte 4!

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