Filmes e Séries

It – Capítulo Dois | Crítica

Quando se fala em adaptações, aposto que já te dá um calafrio de pensar na possibilidade de vir algo ruim por aí. Aqui no Dinastia inclusive já falamos disso, mas e quando as adaptações são bem feitas e merecem ser valorizadas? Com muito louvor, It – Capítulo Dois entra no hall de exemplo para uma excelente adaptação.

Dando continuidade ao capítulo Um exibido nos cinemas em 2017, It – capítulo Dois chegou cheio de expectativas aos fãs que foram contagiados pelo universo de Pennywise apresentado na primeira parte da trama. Inspirado em uma das mais grandiosas obras de Stephen King, trazer a história do Clube dos Perdedores de Derry seria um tanto quanto ousado e delicado. Como dar um fim digno para um dos grandes eventos do terror no cinema moderno?

It - Capítulo Dois

Digo isso por conta da carga pesada trazida por King em seu livro, tratando de temas como abuso sexual, homofobia, preconceito, racismo e afins. Sem trazer esses temas a história perderia sua força, e por consequência, Pennywise deixaria de ser a entidade tão maquiavélica que assim esperamos. Se no capítulo Um esses temas foram abordados de forma sutil, com uma forte pitada de Stranger Things, It – Capítulo Dois soube traze-los de forma impecável, agradando fãs do filme e do livro, adaptando certos momentos um tanto quanto pesados do livro, para uma visão mais sutil porém extremamente inteligente para o longa.

Fazer o capítulo Dois de It era obviamente necessário, afinal a história tinha de ser concluída, ao contrário do filme de 1990 que optou por trazer os dois momentos de Derry em um único longa. Não que seja ruim, mas foi pouco aproveitado para todo potencial que a história tem. Andy Muschietti aceitou o desafio e criou uma história conjunta de 5 horas, aprovadas pelo próprio autor da obra como uma adaptação digna as suas 1100 páginas.

Para garantir uma continuidade aceitável, alguns pontos não poderiam faltar. Tudo começou a tomar forma nas redes sociais com o elenco que iria compor a segunda parte. Escolhidos a dedo pela semelhança física e características de comportamento do Clube dos Perdedores juvenil, ali já víamos que ao menos um elenco muito bem selecionado e talentoso estava por vir numa obra que prometia ser grandiosa.

It - Capítulo Dois

Tendo um elenco era mais importante ainda ter um roteiro contínuo que não deixasse buracos quando conecto a parte Um, e isso foi feito. Utilizando muito de flashbacks, a história se completa de forma belíssima unindo o passado ao presente dos personagens sem perder suas características mais marcantes, uma das coisas que me deixou mais satisfeito nessa continuação. Momentos que não fizeram falta na parte Um surgiram agora no capítulo Dois para completar na medida certa uma história que precisava ser contada.

Manter a fidelidade a obra tinha de ser feito, e isso se manteve com maestria. Cada personagem tinha os resquícios do seu trauma ali presentes, porém desenvolvidos conforme a fase adulta chegou. O capítulo Dois é realmente mais pesado e mais aterrorizante, afinal já estamos vivendo a fase adulta junto dos personagens. Bill segue sendo o líder do grupo, Eddie o hipocondríaco, Ben o tímido, Stanley o receoso, Beverly a destemida e Richie o humorista escroto.

It - Capítulo Dois

Ainda sobre atuações, James McAvoy manda muito bem no papel de Bill, mas quem rouba a cena na verdade é Bill Hader, o Richie da fase adulta. Não dava nada pela atuação do ator, ainda mais pelo jeito sacana de ser do Richie, mas a forma como o personagem desenvolve com o decorrer da trama é incrível. A parte do elenco que lamento é Jessica Chastain, que infelizmente não consigo ver muita vivacidade na atuação, por mais que a personagem tenha bons momentos, sinto que ainda faltou o jeito malandro de ser de Beverly.

Não sou dos maiores especialistas para falar de efeitos especiais ou CGI, mas a meu ver foi mais uma vez extremamente bem empregado na figura de Pennywise. As mil facetas da criatura são por mais uma vez bem empregadas, enaltecendo ainda mais o horror que a parte dois precisava ter. Além do mais, se eu não tivesse lido que as crianças tinham sido rejuvenescidas por efeitos especiais, eu mal teria notado a diferença.

It - Capítulo Dois

Por fim, sem dar spoilers, um ponto que vi muita gente reclamando e colocando o longa para baixo por tal fator é a duração. O filme tem 2h50 e com isso é acima da média de duração de demais longas de grande circulação nas salas de cinema. Era necessário? A meu ver sim, mas com possíveis reduções para 2h30 no máximo. Se tirar mais do que isso, It – Capítulo Dois perde momentos grandiosos que fizeram os fãs do livro felizes e proporcionaram uma melhor explicação aos que seguiram apenas o filme.

It se consolida como uma grande obra do terror, adaptada da forma que merecia ser feita, de uma mente brilhante e insana que é Stephen King. Uma história que mescla a importância da amizade com a superação dos medos de nossa vida, crava ao seu final um momento grandioso que felizmente foi bem feito. Então, vamos flutuar?

One comment on “It – Capítulo Dois | Crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *