Dinastia - Filmes e Séries

De Strangers Things a Bozo – Nostalgia é o mapa da mina da Cultura Pop.

Pra começar, coloque no Spotify uma trilha sonora bem nostálgica, abra seu Toddynho gelado e seu chocolate Lolo. Agora sim vamos à leitura. Dizem que a gente só sente saudades do que é bom, ninguém sente falta da miséria que recebemos no primeiro salário, mas lembrar do que fizemos com essa fortuna e a sensação de prazer de comprar algo com a nossa própria grana é algo que traz um sorrisão no rosto. Da mesma forma, me traz um sentimento bom ouvir aquela playlist maneira do Spotify com clássicos do passado, ou assistir pela décima nona vez ‘De Volta para o Futuro’ quando passa na sessão da tarde. Mas que sentimento é esse que emociona, alegra e deixa gente bobo de lembrar dos Mamonas Assassinas, TV Colosso ou de algo que era ridículo como trocar as capas do CD As 4 Estações do Sandy e Jr?

Esse é o ponto. Às vezes até coisas que eram ruins, passamos a ver com outros olhos por causa da nostalgia. Reclamávamos de ir à escola, mas vivemos dizendo que era a melhor época da nossa vida. Ou lembrar de filmes que achávamos chatos no lançamento, e hoje chamamos de clássicos. Outro ponto é sentir saudades de algo que não vivemos a seu tempo, como aquele álbum dos Beatles, quando nem nascido éramos.

De forma geral, a cultura pop percebeu um grande filão por causa da sensação de nostalgia, e nos últimos anos estão sendo resgatados no cinema, música, tv, games, brinquedos, vestuários, entre outros. E nós, geeks, consumimos sem moderação alguma e ainda pedimos mais. (Manda mais que tá pouco. kkk)

O ano de 2015, pra citar um exemplo, foi o ano da nostalgia no cinema. Mad Max, Star Wars, Jurassic World, Exterminador do Futuro, Missão Impossível… Todos filmes que trabalharam com nostalgia. Star Wars é praticamente um odê aos clássicos. Curiosamente, neste ano o cinema doméstico americano teve a maior arrecadação da história, com U$$11Bi de bilheteria. Assistir filmes como Guardiões da Galáxias, Atômica, John Wick e até o trailer de Bingo, traz referências, imagens e músicas que te envolvem de maneira surpreendente e te faz amar, quase que instantaneamente, este filmes. O que falar da cena final de Rogue One? Tem como não exaltar o filme na saída do cinemas?

Na TV/Netflix, impossível não como citar Strangers Things. Cada cenário, fala, figurino, enquadramento, fotografia, enfim, tudo é referência aos clássicos dos anos 80. A série é nostalgia explorada de todas as maneira possíveis. Da escolha dos atores, como a Winona Ryder, à trilha sonora, como The Clash. E mesmo com algumas falhas de roteiro e muletas dramáticas, baseadas exclusivamente na nostalgia, a série foi aclamada como uma das melhores dos últimos anos. E não, não estou falando mal. Eu amei a série, mas consigo perceber algumas nuances, que servem como cortina de fumaça e que não chegam a afetar o resultado final em si. A série foi pensada pra ser dessa forma em cada detalhe e cumpre fervorosamente a sua missão.

Nos games, não dá pra deixar citar os relançamentos de Sonic, do “novo” Super Nintendo, entre outros games em geral. Até o Atari vai voltar. Nunca se ganhou tanto dinheiro no segmento de vestuários e toys baseados nos clássicos. Camisetas de Star Wars venderam tanto e cada dia se encontra mais e mais modelos diferentes. Nunca se viu tantas turnês de reunião no cenário musical (Los Hermanos não conta). A volta de Slash e Duff pro Guns, Backstreet Boys e New Kids on the Block saíram em turnê, Andrezinho voltou pro Molejo e até o Rougé vai fazer show. Loucura, não é mesmo?

O grande barato dessa onda é ao mesmo tempo que tem dado certo, na maioria das vezes (Caça-Fantasmas mandou um abraço), fica a preocupação do que nossa geração vai deixar de legado para as próximas gerações. Não dá pra viver só de nostalgia, precisamos abastecer o ciclo com nossa própria identidade e projetar novos clássico pra daqui 30 ou 40 anos serem lembrados com o mesmo sentimento que lembramos de Indiana Jones ou de Curtindo a Vida Adoidado. No ano de 2017 tivemos no cinema, A Bela e a Fera, Transformers, Velozes e Furiosos, Homem-Aranha, Guardiões da Galáxia, It – A coisa, Alien, Logan, Piratas do Caribe, XXX, Transporting, Planeta dos Macacos e ainda vamos ter Blade Runner e Star Wars. Todas obras baseadas em nostalgia, reboots ou continuações.

Lógico que estou adorando esta época, me emocionando com referências (Steve?) e vibrando com cara acerto, mas o cultura pop não pode ser só isso. Eu sei que isso não nasceu hoje, o cinema, por exemplo, se homenageia de tempos em tempos, mas fica a preocupação do exagero que vivemos hoje. Muitos reclamam da enxurrada de filmes de heróis (que são apenas parte do processo de nostalgia), mas o verdadeiro “vilão” do cinema se chama Saudades.

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