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Crítica | Vingadores: Guerra Infinita (SEM SPOILERS) – O começo do Fim.

Poucas foram as vezes que vi um cinema em silêncio após a última cena de um filme de heróis. A cada pessoa na platéia que encarava, tentava entender a reação e qual era o sentimento que imperava na plateia, mas o que eu via eram rostos incrédulos com que tinham acabado de presenciar em Guerra infinita. E eu digo platéia porque o que vimos foi um espetáculo, que marcará a era dos super-heróis no cinema.

Vingadores Guerra Infinita poderia ser o maior fiasco da Marvel, mesmo se fosse um bom filme, afinal carregava a responsabilidade de ser a conclusão de todo um universo, de ser mais que uma simples história, um evento, mas os Irmãos Russo não se intimidaram, e mais do que isso, evoluíram ainda mais dentro do estúdio entregando um longa muito melhor que seus trabalhos anteriores, com muita ação, diversão e uma inesperada boa dose de drama.

Sem medo de ser grandioso, mas respeitando cada personagem como se fossem engrenagens em uma fábrica, esse capítulo da franquia dos heróis mais poderosos da terra foi milimetricamente montado. Uma edição espetacular, sem espaços pra respiros e, que a cada mudança de núcleo, nos deixava com gostinho de quero mais. Os cortes rápidos e a câmera nervosinha dos irmãos estavam lá, mas agora dividiam espaço com longos e grandiosos planos.

O desenvolvimento da trama é um ponto forte. Com 5 minutos de filme já tinha acontecido tanta coisa que me preocupava o que viria a frente. O roteiro bem construído por Stephen McFeely e Christopher Markus, não perdia tempo com explicações inúteis, indo direto ao ponto. Cada escolha tem motivação plausível e uma consequência inesperada. O humor, sempre marcante nas produções da Marvel, estava lá, mas dessa vez não cortava diálogos ou cenas mais pesadas, era escrachado na boca de quem tinha que ser, mas inversamente inexistente nos momentos mais dramáticos do filme (e sim, foram muitos).

Aliás, a forma como os diretores respeitaram cada personagem e suas características foi incrível, mas quem manda em Guerra Infinita é o seu maior vilão: Thanos. Vivido por Josh Brolin, o titã louco é o grande protagonista deste filme e já causa terror com poucos minutos de tela. Quebrando paradigmas de que personagens em CGI não conseguem ser carismáticos o suficiente para criar empatia, ou antipatia que seja, nunca se viu tantas cenas de tensão e de real perigo, em longas da Marvel.

Pode haver quem considere Killmonger melhor, ou Loki o mais importante, porém o titã louco é com certeza o mais aterrorizante vilão adaptado dos quadrinhos. Suas motivações parecem ser pífias, a princípio, mas eles as defende tão bem que é impossível não comprá-las, o cara é um louco sim, mas estranhamente manipulador e inteligente nos amedronta com um simples sorriso. Realmente, a Marvel aprendeu a construir bons vilões.

Eu sei que você deve estar pulando na cadeira, morto (sic!) de curiosidade e se perguntando: Mas e os nossos heróis? Como conseguiram colocar 764 personagens em tela? Eles funcionam bem juntos? Bem, a resposta é: SIM! Eles funcionam muito bem juntos, e digo mais, alguns surpreendem a ponto de entregar a melhor participação em toda a franquia.

O filme começa como se fosse uma continuação direta de todas as últimas 6 produções do estúdio. Então, entendemos facilmente qual é posição de cada um na história, sem que haja um longo tempo de tela para explicá-los e algumas linhas de roteiro já entregam tudo que é necessário para nos ambientar na trama. Como se imaginava, há uma clara definição de pequenos grupos, e talvez seja aí o grande acerto do roteiro, cada personagem tem sua importância, de Mantis ao Capitão América, cada herói está alí por um motivo.

Thor tem o seu melhor momento no MCU, o tom cômico de seu terceiro filme lhe deu um frescor, aqui lapidado pelos Russo, acrescido de uma responsabilidade digna de um Deus. Sua interação com os Guardiões da Galáxia rendem os momentos mais divertidos das 2h36 do longa e seu poder, meus amigos, ahhh esse é o Thor que esperávamos há muito tempo. Saí encantado com o asgardiano.

Juntar a tecnologia de Tony Stark com a magia de Dr. Stranger poderia render uma péssima piada no meu texto (não é magia é tec…), mas não sou o roteirista (amém, senhor) e a briga de egos mais esperada do ano fluiu de uma maneira incrível. Seja na terra ou no espaço, o tom cético e a soberba de ambos, conduzem diálogos inspiradíssimos e, quando personagens como Star Lord, Drax e Homem-Aranha são acrescidos a tela de uma forma tão natural, a impressão era de uma equipe experiente em combate conjunto.

Homem-Aranha é o brasil na Libertadores, é a empolgação, e suas descobertas refletem o sentimento de quem estava sentado na cadeira do cinema. É gente da gente. Suas cenas de lutas estavam incríveis e a atuação de Tom Holland rendeu um dos momentos mais emocionantes de Guerra Infinita.

Deixei a cereja do bolo para o final, sim, Wakanda, porque o que é bom pode melhorar, e muito. Com cenas épicas de batalha, comparáveis a Senhor dos Anéis (não estou exagerando), o país africano se firmou como um dos meus lugares favoritos do MCU.

Se Falcão, War Machine e Hulkbuster têm alguns movimentos previsíveis, o mesmo não se pode falar de Viúva Negra, Okye e Feiticeira Escarlate. Que mulheres, Odin, que mulheres! Não se intimidam e mostram quem mandam.

Soldado Invernal tem um momento inspiradíssimo com Rocket, Hulk parece não estar em seus melhores dias, já Visão, bem, assistam. Difícil falar dele sem dar algum spoiler. Apesar de importantes para trama, Steve Rogers e T’Chala parecem um pouco apagados, apesar de imponentes líderes. Quem brilhou, foi o Deus do Trovão. A batalha de Wakanda foi ápice do seu poder e não teve quem não se arrepiou ou aplaudiu. Aliás, essa batalha foi o ponto alto do MCU, uma aula de direção em cenas de ação.

Se bem que ação é uma coisa que não faltou em quase nenhum momento. O filme está repleto de belíssimas sequências, todas muito bem coreografadas, com elementos de cada herói. O CGI do filme está incrível e mesmo que em alguns momentos (como o piloto da hulkbuster fake). surpreende pelo grau de realidade. Thanos era alguém de carne e osso. A trilha sonora não é épica, mas tem uma brincadeira incrível ao se adaptar para cada núcleo, seja acrescentando tambores nas cenas em Wakanda, ou sintetizadores dos anos 80 nas cenas do Guardiões, o que nos faz imergir profundamente em cada cena.

Enfim, apesar de dar impressão de uma história que poderia durar mais 3 horas na sala de cinema, o filme cumpre o que promete e entrega a primeira parte do fim, ou seria de um recomeço. Kevin Feige, diretores, produção e elenco estão de parabéns e merecem mais do que aplausos, merecem nossa gratidão, já que entregaram o que tinha de melhor, até agora. Todas as decisões foram corajosas, muitas surpreendentes, o final é angustiante mas foi a melhor experiência da vida deste humilde fã de Hqs. Que venha Vingadores 4.

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