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Vidro – A conclusão da trilogia de Shyamalan | Crítica

19 anos após o lançamento de Corpo Fechado, eis que o diretor M. Night Shyamalan consegue arquitetar a conclusão da história de David Dunn (Bruce Willis) e Elijah Price (Samuel L. Jackson) em Vidro, recém-chegado aos cinemas no último dia 17.

Para chegar até esse ponto, o diretor se preocupou em apresentar muito bem as histórias e os personagens que a compunham. Corpo Fechado apresenta David, o homem que nunca ficava doente e não se machucava por nada, que é descoberto por um fã de quadrinhos, Elijah, que tem um conjunto de doenças que o caracterizam como o homem dos ossos de vidro.

Após a construção de ambos personagens e as características antagônicas deles, Shyamalan acreditou que podia colocar um toque especial nesse universo, e trouxe em 2016 Fragmentado, longa que apresentou um James McAvoy num brilhante e insano papel, como Kevin Wendell Crumb, o homem das 23 personalidades distintas.

O espaço todo foi construído de forma impecável, mas Shyamalan deixou o toque especial para o final. Elijah Price é o personagem mais obscuro e inteligente de toda a trilogia, e teve a história contada aos picados em Corpo Fechado. O que mais ele pode surpreender e influenciar na história dos heróis criados pelo diretor? Vidro trata justamente disso.

Na história do terceiro filme, os três protagonistas são levados a uma série de estudos pela Dra. Ellie Staple (Sarah Paulson), visando a diferenciação e comportamento deles perante a sociedade, estudando o desenvolvimento e reações de seus dons característicos.

Juntar muitos personagens fortes numa mesma história pode parecer complicado, mas o jeito fora do comum de Shyamalan conseguiu me apresentar aquilo que eu estava esperando.

O filme tem muita ação, mistério e drama, somados a milhares de referências criadas pelo diretor com seus outros dois filmes, mostrando que o trabalho de continuidade foi impecável, brincando até mesmo com a participação do próprio em tela em Corpo Fechado.

O amadurecimento de David e Elijah é muito bem trabalhado com a inserção do novato Kevin, numa relação construída de desafio de lidar com o novo e o desconhecido, chegando a tons de apadrinhamento, principalmente por parte do personagem de Samuel L. Jackson.

Infelizmente, o ponto que falha um pouco ao meu ver é a introdução da nova personagem. Sarah Paulson foi entregue no roteiro do filme como a mulher que controlaria os três grandes personagens de toda a trilogia, mas o seu papel não cresce durante a trama, o que faz dela uma personagem mal desenvolvida, apesar de ter significância grande para o final.

Como estamos falando de M. Night Shyamalan, plot twist não poderia faltar. Numa cena final, em cerca de 20 minutos é possível sentir até três deles. Um deles até que encaminhado durante o filme, mas os outros geraram no cinema o sentimento de WTF?!

Referente a aspectos técnicos, mais uma vez o diretor marca muito o filme mostrando que foi construído com seu jeito de dirigir. Câmeras focando em vidros ou poças d’água para mostrar cenas mais impactantes e as cores contrastando muito entre os personagens em virtude do seu estado de emoção são alguns dos aspectos nítidos que vemos o toque da direção, desde o primeiro filme da trilogia.

Vidro termina a caminhada dos heróis de forma louvável e respeitosa, com uma trama que ousa mas que justifica o porquê daquela tomada de decisão que choca os espectadores. Infelizmente, nem sempre bons finais são aqueles que esperamos para a trama, mas Shyamalan soube surpreender ao público entregando uma crítica social implícita numa trama de heroísmo, fazendo diferente do que qualquer outro já fez.

“As pessoas precisam conhecer a verdade do mundo”

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