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Crítica | Sense8 – O final da Série entregou tudo que os fãs esperavam?

Enfim, depois muita pressão dos fãs, chegou ao Netflix o episódio final de Sense 8, série criada por Lana Wachowski em parceria com sua irmã Lilly Wachowski que foi cancelada em 2017. O serviço de streaming ouviu o clamor do fandom, em grande parte brasileiro, e entregou o fechamento desta história cheia de simbologia, em um episódio de duas horas e meia repleto de fanservice.

A pergunta que pairava a cabeça dos fãs desde o fim da segunda temporada era: “O que aconteceu com Wolfgang (Max Riemelt)?”. E o episódio recém liberado tem como plot central toda a trama do resgate do carismático alemão, mas todos os arcos envolvendo Nomi (Jamie Clayton), Lito (Miguel Ángel Silvestre), Will (Brian J. Smith), Sun (Bae Doona), Kala (Tina Desai),Riley (Tuppence Middleton) e Capheus (Toby Onwumere), são resolvidos, às vezes de forma simplista e conveniente, mas as lacunas são todas preenchidas.

A dificuldade era grande demais, afinal, resolver tantas histórias que vem sido trabalhadas em duas temporadas em apenas um episódio pode parecer impossível, mas por mais superficial que tenham sido algumas escolhas, todas foram assertivas.

Lógico que o fato de todos, a exceção de Wolf, estarem no mesmo espaço físico ajudou demais a dinâmica, mas em nenhum momento a trama abandonou o fato que eles, mesmo que estejam em locais diferentes,estão sempre no mesmo lugar, acumulando as habilidades de cada membro do cluster.

Engraçado ver Kala conversar “mentalmente” com Riley em um quarto e no momento seguinte a islandesa abrir a porta e concluir o mesmo diálogo. Sun meditava na cobertura ao mesmo tempo que Lito e Nomi estavam em um discussão na sala, e entrando no clima da coreana, todos a acompanhavam fazendo Tai Chi Chuan no telhado para se acalmarem.

É nesse ritmo que a história começa, desta vez em Paris, aos pés da Torre Eiffel, um cenário perfeito para qualquer romance, mas o que é Sense 8, além uma história de amor, luta e empatia? A montagem do episódio foi ágil e mesmo com o ritmo intenso do começo, logo já estávamos novamente ambientados ao estilo imposto nas temporadas anteriores. Mesmo assim, temos uma barriga no final do episódio, já que quando tudo estava resolvido, ainda faltavam 25 min (ISSO MESMO!!!) pra terminá-lo. Tudo bem que o final era uma celebração a tudo que a série representava e foi uma despedida emocionante, mas um encurtada não faria mal algum.


O roteiro entregou soluções fáceis, diálogos simples, abusou de muito
Deus Ex-máquinas (situações ou personagens que surgem do nada apenas pra dar solução a um arco dramático) pra concluir suas principais histórias, mas isso de maneira alguma atrapalhou a experiência, pareceu apenas desleixo ou falta de cuidado. Era o único caminho seguir e o fato da trama ser um misto de ficção científica, aventura, drama cheios de simbolismos contra racismo, preconceito, entre outras questões sociais, não dava outra alternativa a não ser facilitar o entendimento do público geral. Eram muitas respostas a serem dadas.

Sim, as respostas vieram, pelo menos as que interessavam. E trouxeram com elas ação, tensão, humor, drama, tristeza e alegria, enfim, tudo que os fãs esperavam. O triângulo entre Kala, Rajan e Wolf, a vida catastrófica de Sun, o relacionamento de Will e Reley, a família preconceituosa de Nomi, o que houve com OPB (Organização de Preservação Biológica) , tudo tem um desfecho, na maioria das vezes simples, mas interessante com direito até a cena de musical com todos integrantes. (não podia faltar, não é mesmo?)

Apesar disso, achei algumas partes confusas, como a inclusão de um novo conceito, o que eu achei desnecessário, e novos personagens (pois é!), que pareciam deslocados para apenas um episódio e que com certeza, se houvesse uma temporada com mais episódios, seriam melhor explorados.

Por outro lado, além do nosso grupo principal, Amanita(Freema Agyeman), Daniela (Eréndira Ibarra), Hernando (Alfonso Herrera),Rajan (Purab Kohli), Felix (Max Mauff), Mun (Sukku Son) e Bug (Michael X. Sommers), ganham ótimos momentos em cena, com diálogos inspiradíssimos e muitas vezes usados no episódio para explicar ao expectador o porquê algumas coisas acontecem, já que são tão leigos como nós. Buf é meu personagem favorito, me identifico demais com ele.

Lógico que ficaram perguntas pra trás, que gostaríamos de saber. Os filmes de Lito farão sucesso? Will retornou a polícia? Sun comandará novamente as empresas Bak? Capheu se elegerá? Mas, sinceramente? São perguntas que não fazem diferença, porque o episódio continua na cabeça de cada um dos que pediram o retorno do grupo. Foi um Ode ao amor livre, a empatia e, por mais que tenhamos algum tipo de discordância, é impossível não colocar a série entre as mais importantes, entre as originais da Netflix. O que ficará em nossos corações é apenas saudade e mesmo com algumas lacunas, o sentimento é que a serie teve o seu dever cumprido.

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