Confesso que não saía tão frenético de um filme, devido a uma montagem, desde o último MAD MAX. Ritmo de Fuga é algo que não falta a este filme. Seja pelas cenas de ação (alá grandiosos tempos de Velozes e Furiosos), pela montagem bem feita, fotografia desafiadora ou a trilha sonora que embala tudo isso. Baby Driver me deixou extasiado, mal podia levantar da cadeira ao final do filme. Que porrada meus amigos.

Tudo bem que o enredo do filme não podia ser mais clichê: uma equipe de assaltantes, um dos integrantes que se apaixona por uma garota (e decide largar o crime) e o líder do bando pede o último golpe. E é aí que entra a beleza do roteiro, bem amarrado por Edgar Wright, que também assina a direção. Ele é ousado. Usa cortes frenéticos em acaloradas perseguições, associa movimentos dos atores, ronco do motor e movimento dos figurantes ao ritmo da trilha sonora e ainda nos presenteia com um plano sequência divertidíssimo na entrada dos créditos.

Baby Driver conta a história de Baby, um jovem que perdeu os pais em um acidente de carro quando era criança, e foi criado por seu pai adotivo surdo (irônico não?). Devido a este acidente, o jovem protagonista tem um problema auditivo incômodo, que contorna ouvindo música quase em tempo integral. Nas armadilhas da vida, acaba entrando em dívida com Doc (Kevin Spacey), um perigoso e dissimulado bandido. O garoto é prodígio no volante e por isso acaba se tornando o motorista em todos os golpes de Doc. Cada movimento de Baby é conduzido ao som de seu iPod (ou iPods, no caso, porque ele tem vários, um para cada momento ou humor). Como todos os assaltos que participa dão certo, o personagem se torna o amuleto da sorte de Doc.

Aliás, Kevin está incrível como Doc! Se mostra frio e calculista, mas ao mesmo tempo ele tem um certo carinho por Baby (citando algumas frases de Monstro S.A, repetidamente). Ele controla cada membro da equipe, passo a passo, rastreando todos os seu movimentos fora dos golpes. E por falar na equipe, só tem monstro aqui: Jamie Foxx está amedrontador e psicótico como Bats, sem deixar de ser divertido. A dupla de Buddy (John Hamm) e Darling (Gonzales) soa como um Bonnie e Clyde moderno e charmoso. O crime e o poder excitam a ambos. Flea e Bernthal passam tão despercebidos que nem lembro (e não vou procurar) o nome de seus respectivos personagens. Mas quer saber? Não faz diferença, o mais engraçado é como o bando reage a presença de Baby na equipe, que conduz os movimentos de cada assalto de acordo com o ritmo de cada canção.

Parece divertido, não é? Mas, o que que motiva Baby a sair do crime? Aí, meus amigos, entra a linda Débora. Personagem, vivida pela estonteante Lilly James, que traz luz ao filme. A química entre ela e Ansel Elgort carregam o filme emocionalmente, de forma cativante. Ela tem um olhar que carrega esperança e isso conquista o protagonista, conquista o público e liga os pontos necessários para o desenvolvimento de sua personagem.
O filme beira o gênero musical, sem se tornar cansativo, e mesmo sem um enredo original passa frescor, muito pela condução perfeita de Edgar. Se você procura um filme de ação que não seja apenas adrenalina, coloque uma música empolgante no rádio e corra (mas respeitando os limites de velocidade) para o cinema mais próximo assistir esse filmão, que no Brasil recebeu o título de Ritmo de Fuga (quem dá esses nomes? pelo amor de Odin), que pode até ser engraçadinho, mas não tem o charme do nome Baby Driver.