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3% (2ª Temporada) – A Consolidação de uma Nova Sociedade | Crítica

Conheço muitas pessoas que tem preconceito pela produção nacional, seja por más atuações, roteiro mal construído ou apelação a temas corriqueiros. 3% é aquela produção brasileira que dá um tapa na cara desses críticos, e mostra que podemos sim fazer produções de qualidade.

Criada pelo uruguaio Pedro Aguilera, a série já tinha 3 episódios desenvolvidos antes da ideia ser comprada pela Netflix. Estes foram disponibilizados em 2011, através do YouTube, e você pode ver aqui. Com uma aceitação significativa, a história foi parar no serviço de streaming.

O primeiro ano foi lançado em novembro de 2016 no serviço de streaming. Alvo de diversas críticas do público brasileiro (sim, aqueles críticos de nossas próprias produções), a série em março de 2017, alcançou a incrível marca de série de língua não-inglesa mais assistida nos Estados Unidos. Pois é, sabe aquela conversa que o gramado do vizinho é sempre mais bonito que o da nossa casa? Tá aí mais um exemplo…

Entre erros e acertos, a série teve a renovação brevemente anunciada, já em dezembro do mesmo ano de lançamento. Agora em abril de 2018, eis que fomos apresentados a continuidade da saga dos sobreviventes de um mundo futurística, em busca do seu lugarzinho no Maralto.

Depois de conhecermos na primeira temporada como funcionava o Processo de seleção dos 3% aptos a irem ao Maralto e deixarem o Continente, muitos perguntas ficaram na cabeça dos fãs: O que é o Maralto? O que tem lá? Como as pessoas sobrevivem no Continente?

Havia muito a ser explicado, e isso trouxe a segunda temporada a todo vapor para nossas TVs e celulares. Funcionando exatamente como sequência ao final do processo 104, mostrado na primeira temporada, Michele, Rafael, Joana e Fernando, os sobreviventes do processo, voltam a serem abordados como personagens principais da história no segundo ano.

Michele, vencedora do Processo e parte dos 3%, é praticamente uma infiltrada de Ezequiel, chefe do Processo e até então o manda chuva de quem entra e quem sai do Maralto. Tal parceria faz com que Michele tenha acesso a diversas informações dentro do Maralto, mas mantendo o principal objetivo de sua passagem por lá, que é o reencontro com seu irmão, André.

Rafael, de trapaceiro do Processo a representante da guarda do Maralto no Continente. A todo momento, mantém vivo bem lá no fundo o seu sentimento de pertencer a Causa, grupo de fracassados no Processo, que tem como principal intuito sabotar a passagem de mais pessoas ao Maralto e prega a igualdade da sociedade através da força. O papel de Rafael é fundamental dentro do principal plano da causa: sabotar o Processo 105 e acabar com as diferenças entre Maralto e Continente.

Joana, ou como é conhecida no Continente, a Assassina, segue com seu espírito de guerreira, que nos foi mostrado durante todo o primeiro ano, mas desta vez mais aflorado, já que tem de lutar pela sobrevivência no Continente, visando única e exclusivamente a sua sobrevivência, e acabar com Ezequiel e o Processo, do qual não foi selecionada.

Fernando segue com todas suas limitações em sua cadeira de rodas, mas mantém vivo o seu sentimento forte de querer mostrar aos moradores do Continente a farsa do Processo, a qual ele foi prova viva durante o último ano. Para isso, são cada vez mais calorosas as discussões com seu pai, espécie de sacerdote do Continente e dono da verdade, que conquista milhares de seguidores em sua fé.

O ponto alto da temporada se dá a partir de novos ambientes explorados. Podemos conhecer melhor o Maralto, o dia-a-dia dos seus moradores, a sua geografia e as atividades praticadas ali. O Casal Fundador nos é apresentado, e a origem do Maralto, a 105 anos atrás também foi mostrada. O Processo agora não é mais o foco, mas sim o Continente e as pessoas que ali vivem. A Causa é muito mais explorada, demonstrando suas motivações, erros e acertos para conseguir o principal objetivo de derrubar o Processo.

A trilha sonora é construída de forma belíssima, principalmente por ser inteiramente nacional. Com clássicos de Elza Soares e Noel Rosa, a trilha se mescla com o desenrolar da cena, o que torna cenas belíssimas em marcos da série, como a cena da celebração pré-processo no Continente.

Novos personagens são muito bem introduzidos. André, irmão de Michele, Marcela, a chefe de segurança do Maralto, Glória, a potencial participante do processo 105, e muitos outros, tem atuações brilhantes, que só agregam de forma positiva uma história que está sendo bem contada, e tem tudo para se tornar um dos maiores sucessos da Netflix. O caminho está trilhado, basta permanecer crescendo na medida certa.

 

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