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Conectadas | Resenha

Estava me sentindo um pouco rebelde essa semana e resolvi ler um livro “impróprio” – risos. Escolhi o livro mais vendido no estande da Editora Seguinte durante a Bienal RJ 2019: Conectadas da Clara Alves, uma moça carioca que resolveu escrever um romance sobre duas garotas.

Em conectadas conhecemos Raíssa, uma garota de 17 anos com traços indígenas que mora em Sorocaba e é super viciada no game online Feericos. Raíssa começou a jogar quando tinha 14 anos e logo percebeu que ser menina no mundo dos games era uma grande desvantagem, os caras nunca queriam jogar com ela nas missões e os poucos que se dignavam a falar com ela só estavam interessados em dar em cima dela. Assim, Raíssa decidiu criar uma nova conta com um perfil masculino e as portas se abriram para a gamer.

Tudo ia muito bem, até que um belo dia Raíssa resolveu ajudar uma garota que estava pedindo ajuda para uma missão no jogo, essa garota era Ayla ela também com 17 anos de traços orientais e morando em Campinas. Ayla estava passando pelos mesmos problemas que a Raíssa de 14 anos passou, então encontrar um cara disposto a ajudar sem segundas intenções foi o máximo.

O problema é que depois que pararam de jogas, as garotas continuaram conversando só que a Raíssa não falou que na verdade era uma menina e que o perfil dela era fake, assim Ayla acreditava que estava conversando com um garoto chamado Leo.

A história conta ainda com outros personagens super importantes para a trama: os pais da Raíssa; Léo (o verdadeiro), melhor amigo da Raíssa desde de sempre e em quem ela se inspirou na interpretação quando se passava por menino; Gabi, amiga da Raíssa e do Léo; Os pais da Ayla; Vick e Dica, amigas da Ayla; e Sayuri, tia da Ayla.

Ayla sente que “Léo” é a unica pessoa com quem pode ser realmente sincera, que ele a entende. E a Raíssa se encanta pela outra garota e logo fica apaixonada. O tempo passa e a Raíssa se afunda cada vez mais nas mentiras que conta para Ayla, mas como as duas moravam em cidades diferentes e as chances de se encontrarem eram minimas ela foi levando…
Até que a empresa Nevasca Studios (produtora de games) anuncia que fará um grande evento em São Paulo (durante a leitura fique associando o evento com a Comic Con) e então começa a grande aventura da trama.

O livro fala principalmente sobre a jornada de auto-conhecimento pela qual todo mundo passa durante a adolescência (alguns mais tarde, risos.), tem todas aquelas duvidas e incertezas, os dramas e alegrias do primeiro amor, problemas familiares e aquele sentimento de encontrar nos amigos uma família escolhida a dedo.

Obviamente a história também aborda termos relacionados a sexualidade, tem personagem lésbica (mulher que gosta de mulher), bissexual (homem/mulher que gosta de homem e mulher), heterossexual (gostam do sexo oposto), assexual (se apaixona, mas não sente atração sexual pelo outro) e panromântico (não se importa com o sexo da pessoa com a qual se relaciona).

Por se tratar de uma história nacional, com paisagens acessíveis e personagens comuns é muito fácil entrar na história, me apeguei aos personagens, chorei com eles, dei risada com eles e também senti os ataques de pânico que eles sentiram – risos.

Cada capitulo do livro é contado pelo ponto de vista de uma das personagens principais (Ray e Ay) e entre um capítulo e outro tem trechos de mensagens trocadas no jogo e em app de mensagens, com o formato igual e tudo mais.

Mais para o fim da história duas playlists são mencionadas e PASMEM, elas existem no Spotify! Você pode escutar a da Ayla aqui e a da Raíssa aqui.

Li a primeira edição do livro, a história tem prólogo, 33 capítulos e epílogo divididos em 313 páginas sendo que as ultimas três contém uma entrevista super bacana com a autora.

Se você nunca leu uma história LGBT+, deixe seus preconceitos de lado e dê uma chance a Conectadas, você pode se surpreender 🙂

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