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Coisa Mais Linda – 1ª Temporada (Netflix) | Crítica

Coisa mais Linda, nova série da Netflix, aborda temas tão atuais que nem parece se passar no Brasil dos anos 50. Fiquei babando no momento em que vi o primeiro trailer, já sabia ali que essa série falaria diretamente comigo.

Em resumo, na história conhecemos 4 mulheres, que se tornam amigas e acabam buscando e aprendendo juntas como ter uma vida melhor e realizar seus sonhos.

Maria Luiza deixa São Paulo para encontrar seu marido no Rio de Janeiro, onde juntos pretendem abrir um restaurante. Qual não é sua surpresa quando chegando na cidade maravilhosa descobre que este estava lhe traindo e ainda fugiu com todo o seu dinheiro. Quando toma uma decisão precipitada, Malu acaba conhecendo Adélia.

Adélia é uma mulher negra, batalhadora e moradora do morro, que só quer criar sua filha e lhe dar uma vida digna. Junto de Malu criam o Coisa mais Linda, um clube de bossa nova. Além disso, a personagem tem um papel fundamental em fazer Malu ver e compreender seus privilégios.

Na trama ainda conhecemos Lígia e Thereza, cunhadas. Lígia é amiga de infância de Malu e logo descobrimos que vive o inferno em um casamento onde sofre agressões e assédios do marido (que leva o troféu de homem mais escroto da série), e é praticamente obrigada a esconder seu maior sonho: cantar em público. Já Thereza, acabou de voltar de Paris, é uma mulher bissexual que vive um relacionamento aberto com seu marido e tem um trabalho como editora em uma revista feminina (que é escrita por homens). 

O que torna a série tão apaixonante é a forma que os produtores encontraram de aproximar as realidades tão diferentes de cada personagem, por meio das dores e dificuldades, se criando um ambiente de sororidade e empoderamento. Mas o ponto alto do roteiro está em apresentar cenas que escracham o racismo, machismo, submissão feminina, agressões e assédio e a posição da mulher no ambiente corporativo. Tudo isso tem um peso ainda maior quando percebemos que não evoluímos tanto assim últimos anos.

PS: Provavelmente você repetirá a mesma pergunta que eu em cada um dos episódios: SÓ TEM MACHO ESCROTO NESSA SÉRIE?! Sinto informar, mas a resposta é: Praticamente.

Os aspectos técnicos é outro show a parte. A fotografia da série conta com cores quentes e aspecto nostálgico nos transportando para a época, os efeitos sonoros (provavelmente usando foley) intensificam momentos onde acontecem agressões, por exemplo. A trilha sonora, para quem ama bossa nova, é um deleite.

Os cenários possuem ambientações impressionantes e muito bem decoradas, com itens reais dos anos 50.  Já o figurino (ah, o figurino) traz todo o charme desta década com vestidos tubinho, óculos de gatinho e esbanjando glamour. Apesar das ótimas atuações, o destaque fica para Pathy DeJesus (Adélia) e Fernanda Vasconcellos (Lígia), que possuem momentos impactantes e intensos e entregam uma atuação que nos levam as lágrimas.

Talvez o ponto negativo da série sejam os fatos que se perdem durante a construção da narrativa. O marido de Malu que é esquecido, Capitão (excelente personagem de Ícaro Silva) que é praticamente jogado de canto, a passagem de tempo incoerente nos episódios finais, que culminam numa conclusão corrida, mas com um plot para uma próxima temporada, onde espero que as perguntas abertas sejam respondidas.

Por fim, Coisa mais Linda tem um espaço no meu coração e aguardo ansiosa uma nova temporada para série, ela merece. Outra excelente produção brasileira na Netflix.

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