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Bom Dia, Verônica (Netflix) | Crítica

Bom Dia, Verônica é a mais nova adaptação literária lançada pela Netflix. Adaptada do livro de mesmo nome de Raphael Montes e Ilana Casoy, a série nacional de 8 episódios chegou ao catálogo da Netflix nesta quinta-feira, 01.

Na trama, somos apresentados a escrivã da polícia, Verônica Torres, que presencia um suicídio em plena luz do dia na delegacia de homicídios. O que ninguém esperava é que a história que a suicida trazia era muito maior do que pensavam, e a partir dali uma grandiosa investigação precisaria ser orquestrada. Verônica é mãe de dois filhos, e vive uma vida em que é questionada a toda ação tomada, sendo vista como favorita dentro da polícia por ter seu pai como um grande homem da corporação no passado.

Verônica: mulher, policial e oprimida

Apesar da posição hierárquica abaixo dos demais, Verônica (Tainá Muller) mostra por ações diárias que herdou o faro investigativo do seu pai, e se mostra muito além do que sua função exige. Anita (Elisa Volpatto) é a delegada responsável pelo caso e sempre faz questão de barrar toda e qualquer interferência de Verônica, sempre sob a jurisdição superior de Carvana (Antônio Grassi).

Em paralelo a toda investigação pelo suicídio ocorrido na delegacia, somos apresentados a história de Janete (Camila Morgado), que vive uma vida de submissão e abusos perante ao seu marido policial militar, Cláudio (Eduardo Moscovis). Não bastasse a vida escrava e explorada que Janete vive, ela é grande cúmplice de uma série de sequestros que Cláudio realiza na rodoviária, aonde suas vítimas são selecionadas a dedo como mulheres jovens, de baixa renda e que buscam uma nova vida na cidade grande.

O perigo mora ao lado

Confesso que fui assistir Bom Dia, Verônica sem saber nada da história, e até então não tive a oportunidade de ler o livro que a inspirou. Porém, a obra que me foi entregue é um maravilhoso thriller policial, muito bem produzido e com um roteiro para lá de instigante ao espectador. Os 8 episódios de 40 minutos passaram voando, pela minha necessidade de saber mais sobre os planos maléficos de Cláudio, o passado de Verônica e os segredos de Carvana.

Toda a série é ambientada na cidade de São Paulo, e para quem conhece fica nítido alguns cenários utilizados, como a Ponte Estaiada, Galeria do Rock e outros mais. Pode se coisa minha, mas essa proximidade a minha realidade traz ainda mais o sentimento que os perigos representados da série, podem estar muito mais ao nosso lado do que a gente possa imaginar.

Muito além do que um suspense policial

Falando em perigos Bom Dia, Verônica merece um destaque louvável pela importância que a trama traz para nossa sociedade. A história explora relacionamento abusivo, corrupção de grandes corporações, violência feminina, negligência e muitas outras questões sociais que merecem nossa atenção e cuidado. Mesmo que nos cerquem todos os dias pelos noticiários Brasil afora, é de extrema importância uma obra de ficção mostrar isso, para que assim mais pessoas sejam alertadas sobre o mal que estamos vivendo nesse exato momento.

Apesar de uma trama que demora em determinados momentos para concretizar seu objetivo, Bom Dia, Verônica mostra mais uma vez que a produção nacional merece espaço onde quer que ele esteja, e a Netflix novamente proporciona esse espaço, não só abrindo portas para uma série totalmente produzida no Brasil, mas inspirado num livro que também tem raízes brasileiras. Se você ainda não se convenceu, é hora de valorizar o produto nacional.

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