É inegável e necessário que todo mundo que assista Better Call Saul, um dia já tenha assistido por completo Breaking Bad. Há sempre aquela comparação feita, e as expectativas que o mesmo tom de ação mesclado com o drama da jornada de Walter e Jesse também se reflita nas peripécias de Saul Goodman, mas isso ficava sempre no quase. Na 5ª temporada essa expectativa superou a barreira do quase e ficou bem próximo de igualar, se não superar, a série que lhe deu origem.
Quando comento de Better Call Saul com amigos, já é de praxe dizer que é uma série com um ritmo bem mais lento do que Breaking Bad, afinal trata muito mais de questões jurídicas e legais, justamente pelo universo que o personagem principal faz parte, mas Saul Goodman aos poucos vai tornando todo esse mundo burocrático em algo bem mais palpável para nós e até mesmo divertido.

A sua leal parceira Kim Wexler segue vivendo um dilema entre manter a linha de advogada fiel a lei e as normas que lhe foram impostas, ou aceitar as manobras que Saul faz e compartilha com ela, como alternativa ao sistema que lhes é imposto. Isso não é novidade para ninguém, afinal desde Breaking Bad já sabíamos que Saul Goodman era o rei do jeitinho, praticamente um Robin Hood que tira dos ricos e dá para os pobres ( no caso os traficantes, drogados e afins).
Paralelo a toda a consolidação de Jimmy McGill como Saul Goodman, está o desenvolvimento da família Salamanca, o cartel de Don Eladio e a franquia dos Pollos Hermanos de Gustavo Fring. É nesse núcleo que temos os principais destaques aflorados para que aquela saudade que tínhamos de Breaking Bad, passe tão logo que nem somos capazes de perceber. Se nas temporadas passadas vimos o que aconteceu com Hector Salamanca, nessa passamos a odiar um dos maiores vilões do universo Breaking Bad: Lalo Salamanca.

Interpretado por Tony Dalton, Lalo é a representação daquele vilão que você aprende a odiar com o tempo. Soberba e poder aliados a um porte canastrão, capaz de desdenhar de todo e qualquer capanga que tenha de se dirigir a ele, faz com que odiássemos Lalo a cada episódio, chegando ao suprassumo na reta final da temporada. Um vilão digno do que a série é e merece.
Falando em atuações, é até redundante citar o destaque de Bob Odenkirk. Desde Breaking Bad, Saul Goodman era grande destaque perante os outros personagens, mesmo com menos tempo de tela, e agora com a série própria, ele mata no peito chamando a responsabilidade, e entrega atuações louváveis de Emmy. Agora, o grande destaque da temporada vai para Rhea Seehorn, no papel de Kim Wexler. É impressionante acompanhar a evolução da personagem do início ao fim da temporada, mesmo que tivesse momentos maravilhosos em outras temporadas, mas agora atinge a nata de sua atuação.

Fico muito feliz de ver que a série após 5 temporadas não se desgastou, mas muito pelo contrário, cresce a cada dia mesmo trabalhando uma história totalmente a parte de sua antecessora, não precisando de Walter ou Jesse para se manter no topo. Se precisarem manter essa batida, é melhor chamar o Saul.