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A Sombra do Pai | Crítica

A Sombra do Pai chegou aos cinemas em 2 de maio, e retrata a história de Dalva (Nina Medeiros), uma menina que tem de se tornar responsável pela casa, em virtude do trabalho do pai e falecimento da mãe.

Classificado como terror, o filme de Gabriela Amaral Almeida pode ser muito melhor categorizado como um drama, visto nossa imersão na realidade da garota Dalva e as problemáticas que ela tem de lidar numa fase tão fértil de sua vida.

A Sombra do Pai

A infância da garota é destruída, e sentimos isso na pele junto com a menina. Sua mãe faleceu e seu pai Jorge (Júlio Machado) está destroçado em depressão, tendo que sustentar a filha por meio de um trabalho como pedreiro. Dalva tem uma rotina fria e triste, aonde faz todo o trabalho de casa, vai para a escola aonde tem uma única amiga, que proporciona seus pequenos momentos de lazer.

A figura materna perto da menina é retratada pela sua tia Cristina (Luciana Paes), que faz com que Dalva tenha alguns pequenos momentos de felicidade em sua vida, seja no seu aniversário ou com uma conversa, atenção esta que a menina não tem de seu pai, que vive cabisbaixo e robotizado ao seu trabalho.

A Sombra do Pai

O filme tem seus momentos de terror trabalhados no misticismo. Dalva passa as noites vendo filmes de terror clássicos, como A Noite dos Mortes Vivos e Cemitério Maldito. Isso alimenta na menina o sentimento de que é possível trazer sua mãe de volta, além de que convivendo alguns momentos com a tia, passa a ver ritos religiosos que também fomentam o sonho da menina, de que é possível ela também fazer tais crenças se tornarem realidade.

As atuações entregam aquilo que é proposto, e não falham nos momentos de drama ou tensão da família que está envolta em desgraça. Nina Medeiros retrata bem o sofrimento da menina Dalva, e podemos compreender plenamente os motivos para ela ter o ar sombrio retratado, afinal nada de bom aconteceu na vida dela, e a parte mais bela da sua vida está se esvaindo sem um proveito devido.

A Sombra do Pai

A fotografia do filme beira o macabro, com cenas muito escuras, foco fixo em momentos de drama pesado, fazendo com que possamos sentir ainda mais pelas tragédias que a menina e o pai passam no dia-a-dia. Desnecessário para alguns, a tragédia excessiva me conquistou no filme, possibilitando a imersão na realidade.

Apesar de construída nas entre linhas, a moral do filme pode ser interpretada de diversas maneiras, fato que torna a trama ainda mais obscura e abstrata. A meu ver, A Sombra do Pai entrega um filme que tem como foco a destruição da infância de uma inocente garota, e os reflexos disso em seus atos, seja na sensibilidade extrema de uma criança, partindo do entendimento que crenças e ritos podem sim vir a se tornar realidade, partindo para a criatividade exacerbada que pode surgir de sua cabeça, se entendermos a conclusão do filme como uma mera imaginação da criança.

Recomendo você assistir ao drama de Gabriela Amaral Almeida com mente aberta, e depois vir aqui comentar comigo seus sentimentos e interpretação para o final um tanto quanto questionador.

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