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A Pequena Sereia e O Reino das Ilusões | Resenha

Nesse livro, Louise O’Neill, aborda uma temática feminista e usa como baseada o conto de Hans Christian Andersen que foi publicado entre os anos 1835 e 1842 em uma serie de livros com contos infantis. Desde sua publicação original, a historia da pequena sereia foi bem aceita e em 1989 a Disney lançou um animação baseada no conto, a animação tinha um cunho totalmente voltado para a magia e o amor, como todas as história de princesas da época.

Nessa obra a história é um pouco diferente, fala sobre mulheres que são diariamente subestimadas, que sofrem abusos físicos e verbais e a única coisa que é levado a sério nelas, são suas aparências e padrões físicos que devem seguir.

Desde então quem cuida das princesas do reino é a avó das garotas. O Rei dos Mares não tem tempo para lhe dar com garotas que não servem para nada alem de encantar olhos com suas belezas e os ouvidos com suas vozes quando cantam.

Muirgen é a filha mais nova do Rei dos Mares, a princesa mais bonita, com a voz mais linda dos sete mares. Em seu aniversário de um ano, a mãe de Muirgen foi capturada por seres humanos e, segundo os relatos do pai, foi assassinada por eles. As garotas passam os dias falando em voz baixa e temendo a fúria do Rei dos Mares, as refeições em famílias são momentos excruciantes cheios de pavor e receios.

Muirgen passa seus dias olhando para cima, imaginando se sua mãe está no mundo dos humanos, afinal nenhum corpo nunca foi encontrado… Ela imagina como seria uma vida onde o medo de ser castigada não faça parte do cotidiano, ela imagina como seria não estar prometida em casamento, como seria ser dona de si.

A princesa favorita do Rei foi prometida em casamento ao tritão favorito do Rei quando tinha apenas 12 anos. Desde então, Zale faz visitas de cortejo constantes e mesmo tendo idade para ser pai da pequena sereia, Zale parece devora-la com os olhos todas as vezes que estão próximos.

Ela tem razão. Meu pai preferiria me enterrar nas areias movediças a me ver feliz com um humano lá acima da superfície, e parte de mim sempre soube disso. Devo obedecer as regras dele, ser uma boa menina e viver a vida que ele escolheu para mim. Vou aguardar meu fim aqui neste reino de ilusões, o dia em que minha alma vai se dispersar nas ondas e alimentar os peixes.

Quando completam 15 anos, os sirênicos ganham a liberdade de poder visitar a superfície e quando chega o grande dia para Muirgen ela mal vê a hora de poder realizar seu sonho. Assim que ela emerge da água, avista um barco enorme cheio de jovens em uma festa e logo se apaixona por um dos humanos.

E assim começa a jornada da pequena sereia…

Ao longo da narrativa pude acompanhar o crescimento da personagem principal, como ela passou a identificar os abusos que sofria e os que eram cometidos as mulheres à sua volta. Foi satisfatório acompanhar a evolução de Muirgen, sua jornada de auto conhecimento e a não idealização do amor como válvula de escape.

Confesso que no meio da narrativa fui perdendo aquela animação inicial do começo da leitura. A primeira parte do livro cobre 11 meses de historias em poucas páginas, já o meio da história que se passa em apenas 30 dias parece nunca mais ter fim. O desfecho é tão súbito que ao chegar ao fim fiquei com a sensação de que meu exemplar estava com páginas a menos.

Todos os mistérios apontados desde o inicio da narrativa foram explicados, mas o destino de alguns personagens ficaram em aberto… uma guerra por vir ficou subentendida, mas sem nada muito concreto. Um segundo volume que dê continuidade a trama seria muito bem vindo.

Essa edição publicada pela DarkSide faz parte do selo DarkLove da editora. A edição não poderia ser mais linda, livro de capa dura com uma arte de capa encantadora, o corte das páginas em azul degrade deu a sensação de folhear as ondas do mar. A edição conta ainda com fitinha de cetim para para marcar as páginas.

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