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The Walking Dead S09E05 What Comes After – O fim de Rick Grimes

Uma grande mudança exige um grande sacrifício. Isto nunca ficou tão claro. Ninguém mais do que eu, aqui na redação, ama Rick Grimes, sua história, personalidade e legado, mas é com muita dor no coração que preciso dizer; a saída do Xerife era mesmo necessária.

Não que seu personagem deixou de ser interessante, muito pelo contrário, talvez ele era uma das poucas coisas que me fizeram acompanhar os dois últimos anos da série. O ponto é, diferentemente das HQs, a série tem uma dinâmica própria e, porque não, um público que consome apenas essa mídia.

A realidade é nua e crua, as histórias e plots vinham se repetindo, sempre criando um novo grupo pra desafiar Rick Grimes, que, no começo, sempre tinha um plano surpreendente, mas que após 9 temporadas, se tornou previsível. Fãs mais xiitas podem responder, mas é só seguir os quadrinhos”, mas nenhuma mídia funciona igual e estava ficando chato. Sim, o primeiro passo é assumir.

O episódio final de Rick não só é um espetáculo visual, é uma ode a The Walking Dead e, assumidamente, um reboot da série. Uma nova geração, novos personagens, novos desafios. A série poderia ter acabado ontem e ninguém questionaria, pelo contrário, deixaria um gosto de “quero mais”.

Vocês devem ter notado que não escrevi sobre o episódio anterior, S09E04 – THE OBLIGED, porque pra mim, apesar de lindo, soava como a primeira parte de um super episódio. E foi. Ali tivemos as despedidas com seus principais amigos, Michone, Carol, Daryl e Eugene. Todas tocantes e quando, no final do episódio, a câmera se afasta, rima exatamente com o último take do primeiro episódio da temporada inicial, era apenas um prólogo para “What Comes After”.

Agora, o nosso xerife estava sozinho, ferido e só pensava em salvar o ”seu” mundo. Seu espírito altruísta, sempre presente, o fez guiar a horda de Zumbis, que, nos últimos anos, eram apenas figurantes e, com a entrada de Angela Kang, voltaram a ser pertinentes a série, foi uma tarefa difícil. Ensanguentado por uma perfuração no abdômen, ele entrava repetidamente em estado de delírio.

Paralelo a isso, Maggie em sua jornada de dor finalmente entendeu estar viva, neste mundo rodeado pela morte, pode ser um castigo bem pior que a morte, Rick estava certo, Negan tinha tido um castigo ainda pior, estava longe das poucas coisas que ainda amava. Trazer o ex líder dos Salvadores pra luz foi como se ela própria entendesse a situação. E se fez a luz.

Foi um episódio de encontros, seja da sanidade e paz, como de Maggie, como as alucinações do Xerife, os momentos mais emocionantes do episódio. Clara referência ao Conto de Natal, de Charles Dickens, o roteirista brinca com os espíritos de passado, presente e futuro.

O encontro com Shane não só mostrou que o enfrentamento ao seu melhor amigo era necessário pra formá-lo como líder, mas que hoje tanto Rick, como Judith, tinham um pouco dele. Sim, meio que foram dadas as cartas sobre a “paternidade” biológica da menina. Não que isso importasse para o Xerife. Ver o passado, mostrou tudo que Rick teve que fazer pra chegar onde chegou. Detalhe do seu ferimento ser no mesmo lugar que causou seu coma.

Já ver Hershel foi duplamente emocionante. Primeiro, pela importância do pai de Maggie como mentor e inspiração, esse tempo todo as mortes de Beth, Gleen e a do próprio fazendeiro eram um peso que o xerife carregava. E, segundo, porque o ator que o interpreta, Scott Wilson, faleceu meses após a filmagem da participação. Foi a última cena gravada por ele, e a emoção entregue na cena transcende a realidade. Seu velho amigo faz questão de mostrar que tudo que construiu até o presente era lindo, foi uma jornada maravilhosa.

O espírito do futuro foi Sasha e foi como um tapa na cara do xerife.”Ei mané, sacrifícios foram feitos, ok? Mas segue o jogo.” A visão mostra todos que ele ama, mortos no futuro, e assim que acabaremos, mas não adianta lamentar, conviver com a morte (literalmente), perdas e sem perspectiva de melhora é desolador, mas o importante é ter as pessoas que ama ao seu lado. E foi aí que entrou a quarta visão de RIck.

Tudo pelo que ele lutou nos últimos anos foi unir as comunidades e a ponte representava isso. Por outro lado, a família que ele tanto procurava eram as pessoas que o seguiam. Por eles, ele nunca desiste, não importa as concessões que precise fazer.

Ele escolheu. Escolheu proteger quem ama, afinal a horda de zumbi estava no caminho de Hilltop, algo deveria ser feito pra impedir. E foi feito. Em um ato suicida e no melhor estilo Rick Grimes de resolver as coisas, ele explode a ponte, como se cortasse todos os elos entre ele e sua jornada, um sacrifício necessário. Ele salvou a porra toda, novamente.

Esse seria realmente o fim? Foi assim que me questionei ao ver a cena e, quase atônito, com lágrimas aos olhos. Rick Grimes morreu, pensei. Mas não, ele sobreviveu. Com impacto da explosão foi arremessado ao rio e encontrado por Jadis, agora ele é “B” (que caraio é isso, porra?), e seu resgate com o Helicóptero (sim, o maldito), ao som da mesma trilha de quando é salvo por Gleen no segundo episódio.

Ontem mesmo já foi anunciado que se é o fim (ou não) do Xerife no show de TV, a AMC produzirá uma trilogia de filmes longa metragem, estreladas por Rick, contando o que aconteceu após o resgate dele. Os famosos Spin-Offs.

Se haverá volta, não importa. O fato que é que líder de Alexandria deixou um legado. Suas decisões nortearão o grupo por um bom período e já nos últimos instantes do episódio temos os frutos dos acontecimentos. Passaram-se seis anos após sua “morte” e um novo grupo de pessoas, que vem pra oxigenar a velha fórmula e trazendo  novos ares.

Parece que o protagonismo feminino, que tanto se falava antes da estreia da atual temporada vem aí. Michonne, Carol (Legolas é você?) ganharão mais destaque, mas a cereja do bolo é ela, Judith Grimes. A nossa menina cresceu e agora com o revólver do pai, chapéu do irmão e até uma mini Katana da mãe, vai trazer uma referência a Carl nas HQs, mas, espero eu, com sua própria pegada, uma MENINA de 11 anos Badass. Seria uma homenagem as HQs, mesmo que série tenha decidido seguir seu próprio caminho.

Detalhe que  Cailey Fleming, que interpretará Judith Grimes, também deu vida a versão jovem de Rey em Star Wars: O Despertar da Força. Manja dos paranauê Girl Power.

Serão novos tempos e mais do que nunca estou ansioso pelos próximos episódios. E que venham os sussurradores.

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