Filmes e Séries

Review | Manhunt: Unabomber

Se você pensa que Manhunt: Unabomber é mais uma série policial qualquer, achou errado otário. Baseada em fatos reais, Manhunt: Unabomber mostra Sam Worthington e Paul Bettany retratando a caça do FBI pelo homem conhecido como Unabomber, um dos mais procurados dos EUA.

Embora seja apresentada como uma série original Netflix, Manhunt: Unabomber foi originalmente produzida pelo Discovery Channel e seu sucesso é admirável para um canal conhecido originalmente por documentários.

Dividida em 8 episódios (na medida) ela foi pouco divulgada, porém merece sua atenção pelo ótimo roteiro. Sem spoilers, este review mostra um pouco do que você pode esperar por esta série.

A forma como a série começa (não é spoiler) já chama atenção por ser uma coisa simples. Uma carta, como muitas das mensagens que são transmitidas neste caso. Abaixo segue o trecho que é apresentado:

“Eles querem que você obedeça. Querem que você seja uma vaca de presépio, como eles. Obediente, complacente, uma peça da máquina. Que se sente ou fique de pé, quando eles mandarem. Querem que você abra mão da humanidade e autonomia por um pagamento, uma estrela dourada ou uma TV maior. Eles farão de tudo para torná-lo obediente, dócil, subserviente, mas não deixe. Você precisa ser seu próprio mestre, custe o que custar. É melhor morrer como um ser humano do que viver como uma engrenagem na máquina deles.”

O caso Unabomber tornou-se o maior em relação ao número de notícias nos anos 80/90, quando as pessoas começaram a receber pacotes que continham uma bomba que explodia quando aberta. O esboço policial de um possível suspeito: um homem magro usando óculos de sol e um capuz. O homem, que se tornou conhecido como o Unabomber, começou a se comunicar de forma criptográfica com os policiais (uma coisa totalmente diferente na minha opinião).

A série não está interessada em manter a identidade do Unabomber em segredo até o final, diferente do que séries deste gênero costumam fazer. O assassino logo é desmascarado pelo policial, que por sua vez acaba fazendo também o papel de olhos e ouvidos do público. Isso já prende nossa atenção, para acompanhar até o fim da série.

Vamos entender melhor os personagens, Ted Kaczynski é interpretado por Paul Bettany, atuação que foi feita de forma muito convincente. Kaczynski é um personagem trágico, um exemplo do que pode acontecer, a sociedade transformando um homem perfeitamente bom em um monstro perturbado, um terrorista. Fique tranquilo que a série mostra tudo que aconteceu e o que fez ele se tornar esta figura ameaçadora.

Apesar de estarem em lados diferentes, Fitz e Ted têm o mesmo objetivo: fazer com que as pessoas lhe escutem. Este caso se torna uma obsessão tão grande para o agente especialista em perfis criminais do FBI Jim “Fitz” Fitzgerald, que ele esquece prestar atenção a sua família, impactando de forma muito significativa seu casamento e a relação com seus filhos.

Fitz é inserido no primeiro episódio concluindo um curso na Unidade de Análise Comportamental do FBI, um policial de baixo nível, seu bom rendimento faz com que seja convocado a fazer parte da equipe de caça ao terrorista. O método para encontrar o Unabomber? Análise linguística de cartas que Ted enviou para os jornais, sua forma de expressar. Localizar uma pessoa e as únicas pistas são cartas? Isso é somente possível através de linguística forense, Fitz foi pioneiro neste ponto.

Há momentos que a narrativa faz com que você comece a entender o ponto de vista de Ted e questione os dois lados. Outro ponto que vale deixar o registro são as linhas temporais, pois são apresentados os acontecimentos entre 1995 e 1997. Apesar de você não precisar ver a série para saber como acabou, a forma que são apresentados os acontecimentos prendem sua atenção, seja pela humanização do terrorista, bem como a construção da personalidade de Fitz.

Teorias aqui não faltam para tentar resolver o caso, mas Fitz sempre pensa diferente e esse outro olhar por parte dele faz muitas das vezes seus chefes não acreditarem em seu trabalho.

Com estética baseada nos anos 90, as máquinas de fax e os beepers, ajudam a ilustrar a forma como o trabalho do FBI era diferente do que é hoje (bem diferente por sinal, ainda bem). A fotografia é muito boa e você verá em alguns momentos específicos um destaque para a cor vermelha. A química entre Worthington e Bettany garantem um ótimo desenvolvimento para a trama, nos faz pensar a maneira como vemos a tecnologia e seu poder sobre nós, o que faríamos sem os nossos smartphones por exemplo.

Manhunt: Unabomber é uma ótima série para assistir, 8 episódios são suficientes para retratar um dos terrores mais sombrios e mais duradouros dos Estados Unidos. Queria contar mais de tudo o que acontece, mas eu estragaria sua experiência, aproveita agora e vá ver! Depois conte pra nós o que achou!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *