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O lado Pop de uma Orquestra Sinfônica

Cá entre nós, quando falamos sobre uma apresentação de uma orquestra sinfônica, o que a maioria das pessoas pensa? Tenho certeza de que em algo tedioso, voltado para um grupo de riquinhos de idade avançada. Se você é uma dessas pessoas dá uma olhadinha nesse texto que vou te mostrar que você está bem enganado.

Lá fora, nós temos várias colaborações de Orquestras Sinfônicas com grandes astros e bandas, como o incrível álbum do Metallica com a Orquestra Sinfônica de São Francisco, lançado em 1999. Se você gosta de Rock e nunca escutou, precisa ouvir urgentemente. E, mesmo aqui no Brasil, há um certo tempo as orquestras deixaram de ser apenas algo para poucos. Vide as apresentações de orquestras na pré-CCXP em 2015 e tocando o tema de Jurassic Park, na CCXP 2017. Digo a vocês: É legal demais escutar os clássicos do cinema sendo executados dessa maneira!

Ainda assim, o maior desafio das orquestras acredito que seja trazer esse mundo para pessoas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer a música clássica e, principalmente, apreciá-la sem preconceitos.

É isso que a Orquestra Petrobrás Sinfônica vem fazendo com a Série “Álbuns”. Sem perder a essência, ela pretende trazer álbuns queridos de nossa cultura pop executados na íntegra. A série se iniciou ano passado com Ventura dos Los Hermanos. Confesso que por puro preconceito (Com os Los Hermanos, não com a orquestra), eu não assisti. Mas o “Ventura Sinfônico” nem precisou da minha presença e esgotou todos os ingressos e acabou por virar um CD que você pode escutar aqui. O resultado foi tão bom que, esse ano, iniciaram um projeto, ao meu ver, bem ambicioso!

Quem é o maior astro do pop de todos os tempos? O rei Michael Jackson, claro. E o álbum mais vendido? Thriller, com 65 milhões de cópias vendidas (Mãe, não perdoarei por você ter doado o meu) em todo o mundo. É simplesmente o álbum que tem a trilogia sagrada “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Agora, quem seriam os loucos que pegariam o maior sucesso da música pop e mudariam tudo para que se encaixasse no som de uma orquestra sinfônica? A voz de Michael poderia ser substituída a altura por instrumentos musicais? Pois a OPES veio e mostrou que eram loucos e que sim, poderia.

Na última quinta feira (22/02), munida de ingressos e minha curiosidade, fui até o Teatro Bradesco, aqui em São Paulo, para assistir o Thriller Sinfônico. Com arranjos dos excelentes músicos Marcelo Caldi, Mateus Freire e Jessé Sadoc e regência do simpaticíssimo maestro Felipe Prazeres, eu voltei a 1983 em um movimento de mãos.

Todo mundo ficou sentadinho escutando, né, tia Mah? Nada disso, amiguinhos! Com o aval do maestro que pedia para acompanharmos cada música com palmas e cantando, a orquestra transformou o Teatro em um grande concerto do rei do pop. E dançamos e cantamos como se estivéssemos em um, sem ninguém reclamar (Além da minha filha de 9 anos que disse que eu estava cantando muito alto. E estava mesmo!).

O coração disparou logo em Wanna be Starting Something porque não havia início melhor! O arranjo de Baby be Mine estava lindo, mas The Girl is Mine foi a que eu cantei mais alto e nem Sir Paul colocaria defeito! Aí veio a pancada: Thriller, Beat it e Billie Jean e o teatro veio abaixo. Que coisa linda! E se meu coração disparou em Wanna be Starting Something, ele quase parou em Human Nature e eu fui às lágrimas. Que arranjo maravilhoso e emocionante de uma das minhas músicas preferidas! Bem, nesse momento, eu percebi que eu desligava minha vitrolinha depois dessa música, mas ao mesmo tempo vi que eu fazia besteira, pois PYT e The Lady in My Life são lindas demais! Enfim, que concerto, minha gente!

O Thriller acabou, né? Pois eis que temos uma surpresa! Com um incrível, dançante e delicioso arranjo, o bis chegou com trechos de A, B, C, Rock With You e Don’t Stop ‘Till Get Enough. E o resto das pessoas que ainda estava grudada na poltrona, provavelmente por algum tipo de cola, levantou-se e dançou também.

Maestro incrível, instrumentistas maravilhosos e backing vocals extraordinários. Até mesmo rolou a voz à la Vincent Price no fim de Thriller, com risada e tudo. E foi sorrindo que deixamos o teatro, com todo o nosso saudosismo colocado em dia.

Ano que vem provavelmente a OPES deve resgatar outro álbum. E eu estarei lá novamente. Porque a OPES é POP. Assim como nós!

E para quem acha que esse é o único projeto pop da Orquestra, dá uma olhadinha no site da OPES aqui. Procure por MUNDO POP. Tem muita coisa legal para toda a família!

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