Filmes e Séries

A Netflix e Mark Millar, o novo (e melhorado) Stan Lee.

Semana passada a Netflix anunciou a compra da Millarworld, do roteirista de HQs Mark Millar. Pode ter passado despercebido para muitas pessoas, mas se pararmos pra pensar é, talvez, a 3ª maior aquisição de uma editora de quadrinhos, logo após a compra da DC pela Warner e da Marvel pela Disney.

A Netflix acaba de comprar a Millarworld. Tudo começou com uns sonhos. pic.twitter.com/O0aAVpN9Ai

— Netflix (@NetflixBrasil) 7 de agosto de 2017

Uai, mas o que Mark Millar já fez? Vamos começar pelas suas obras mais importantes pra Marvel/DC: Guerra Civil, Velho Logan, Wolverine: Inimigo de Estado, Entre a foice e o Martelo, Os Supremos e Quarteto Fantástico Ultimate. Já pelo seu selo ele lançou Kick-Ass, Kingsman, Wanted, entre outros. E o que a maioria dessas obras têm em comum? Além de todas serem “clássicos” dos quadrinhos, a grande maioria já foi adaptada ou serviu como base para algum Blockbuster.

Sim, o roteirista escocês é o mais cinematográfico dos roteiristas de HQs. O MCU, tem como principal inspiração o quadrinho Supremos. Está tudo lá: Aeroporta Aviões da Shield, Nick Fury negro (aliás o Nick do Supremos foi inspirado no Samuel Jackson), a Persona do Tony Stark, o Capitão América acordar meio século depois, a invasão dos Chitauri. Velho Logan foi a HQ utilizada como inspiração para o belíssimo Logan, lançado este ano. Guerra Civil serviu como inspiração para o filme homônimo do sentinela da liberdade. O fracassado reboot do quarteto também é baseada na versão de Millar (apesar de porcamente adaptada).

Na sua linha autoral existem os filmes Kick-Ass 1 e 2, ambos sucesso comercial, Kingsman, que foi uma surpresa em 2016 e tem sua sequência programada pra outubro, além de Wanted, que teve uma adaptação (bem mais ou menos) estrelada pela Angelina Jolie, James McAvoy e Morgan Freeman.

Exemplos não faltam pra demonstrar o talento de Mark para criar obras que funcionam muito bem na telona. A Netflix, que não é nada boba, viu ali uma oportunidade de criar seu próprio universo. Afinal, mesmo obras como Kingsman e Kick-Ass não entrem no pacote, existem personagens muito interessantes no Millarworld, mesmo que a maioria sejam versões dos figurões da Marvel/DC. Nemesis, o Batman invertido (e muito bom) de Millar; Superior, uma versão ainda mais interessante que S.H.A.Z.A.M; Huck, uma versão do Superman da era de prata (super-herói favorito de Millar); Empress, uma incrível space opera (alô, alô Star Wars); O Legado de Júpiter, série que emula diversos personagens Marvel/DC longe das amarras morais, Chrononauts, a versão massavéi do Doctor Who, além da sua própria versão da Bíblia (é isso mesmo que você leu) em American Jesus. É muito material de qualidade para virar série ou filme do catálogo Netflix.

O Mark Millar tem uma visão a frente do seu tempo, não se apega a mídia “HQ” como única, é só um meio. Ele criou a Millarworld porque cansou de encher os bolsos da Marvel/DC e valorizou todos os desenhistas que trabalharam com ele. Dave Gibbons, Steven McNiven, Romitinha e o brasileiro Rafael Albuquerque são apenas alguns de seus parceiros. Mark Millar tem uma mente insana que inspira e encanta estes desenhistas.  Ele gosta de contar histórias boas. As histórias dele do Huck são infinitamente superiores a fase “Novos 52” do Superman.

Espero que a visão dele seja respeitada e suas histórias sejam adaptadas com a qualidade que elas merecem. Stan Lee sempre foi um cara de visão, mas não foi muito feliz em fazer dinheiro. Nos tempos atuais, Millar, além da visão de Stan Lee, tem tino comercial e Talento+Dinheiro+Netflix é sinônimo de sucesso. Vida longa ao “novo” mestre dos quadrinhos.

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