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Little Misfortune | Review

Qual é o custo de se conseguir a Felicidade Eterna? Para Misfortune, uma incrível garotinha de oito anos que vive em uma família não tão incrível assim, levar felicidade para a sua mãe pode custar o que for preciso.

Sim, você não leu errado. O nome da protagonista do game, e que também dá o nome para ele, é infortúnio. E essa simples palavra consegue descrever perfeitamente esse jogo de aventura e suspense.

Escolhas e consequências

Lançado em 2019, Little Misfortune é um jogo indie produzido pela Killmonday Games, estúdio que já conta com um histórico de jogos de terror psicológico e suspense. E, com esse, não seria diferente.

Em uma fantasia de terror, o game explora uma aventura bastante gostosa a partir de escolhas. Desde o começo, o jogador é avisado sobre a importância das escolhas feitas para Misfortune. Cada escolha faz com que jogo caminhe para um dos dois finais possíveis.

O game tem uma plataforma 2D, e ao longo do enredo, conhecemos Mr. Voice, um personagem onipresente que instiga a pequena Misfortune a participar de um jogo. O prêmio? A Felicidade Eterna.

Misfortune se mostra bastante tentada com a brincadeira, e ainda mais motivada em conseguir a Felicidade Eterna para sua mãe, uma mulher que vive em um casamento nada saudável.

Contudo, ao longo da jornada, Misfortune começa a notar coisas entranhas e sobrenaturais por trás do Mr. Voice e de sua jornada.

Quebrando a quarta parede

O termo “quarta parede” é usado no teatro e cinema para momentos em que os personagens quebram a barreira da atuação e se dirigem diretamente para o público, trazendo-os para a cena.

Isso é usado constantemente em Little Misfortune. Isso porque, a todo momento, Mr. Voice se refere à pessoa “que está do outro lado da tela”. O personagem conversa com o jogador o alertando da importância de suas decisões e como elas podem afetar a trajetória da menininha.

Tudo isso sem deixar de sempre mencionar que, no final daquele jogo, Misfortune irá morrer. Não, isso não é um spoiler, mas sim a premissa do game.

E com essa ideia na cabeça desde a primeira cena, o jogo se torna ainda mais tenso, pois entramos em um embate infinito para cuidar da vida da garota.

Um infortúnio

Nossa protagonista, Misfortune, faz jus ao seu nome. A menina é bastante atrapalhada e não leva lá muito jeito com animais, mesmo os amando. Além disso, está sempre tropeçando e quebrando as coisas ao seu redor.

Esse fato faz com que menina se culpe o tempo todo, desde a tristeza de sua mãe até as agressões de seu pai com ambas. Vivendo em um ambiente agressivo, Misfortune é uma criança carente. É possível perceber essa característica da personagem por sua incessante busca pela felicidade e pelo amor de alguém, seja da mãe ou até mesmo da suspeita raposa que a segue durante todo o jogo.

É uma questão bastante complexa, que traz ainda mais profundidade para o jogo. Frente a sua vida sem carinho e sua carência, Misfortune vive uma situação de abuso e agressões constantes. Contudo, sua inocência continua buscando o melhor de tudo.

Já começa que uma criança de oito anos segue a voz de uma pessoa mais velha, que ela nem conhece, sem achar problema algum. Alô, FBI?

Como anda a sua moral?

Como um bom jogo de escolha, Little Misfortune trabalha a moral e ética dos jogadores. A todo instante, escolhas aparecem na tela que questionam a construção do ser.

Devemos mentir? Roubar? Vandalizar um local ou invadir a casa de alguém? Além disso, ao longo do jogo, o Mr. Voice faz questionamentos bastante pessoais para a protagonista.

Você está feliz? Você é amada? E sabemos muito bem para quem está, realmente, fazendo essas perguntas.

Uma pitada de surrealismo

Não tente entender Little Misfortune, ou não pense que a sua conclusão é a certa. O jogo trabalha com muitos elementos de surrealismo, além de um enredo bastante amplo.

Quando achamos que entendemos a história, ela vem e fica ainda mais confusa. A realidade se mistura com a fantasia e fica cada vez mais complicado achar a “moral da história”. Contudo, a ideia do jogo é fazer cada jogador chegar à própria conclusão dos fatos.

O meu final? É claro que não vou contar, mas posso dizer que Little Misfortune conquistou meu coração e trouxe um pouquinho de Felicidade Eterna no meu dia.

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