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Homem-Aranha: Longe de Casa | Crítica

A Marvel vive sua melhor fase nos cinemas. Depois de bater todo os recordes possíveis (acho que ainda falta um) com Vingadores: Ultimato, conquistar crítica e público em seus 22 filmes, o tão elogiado MCU, nada parecia difícil ou inalcançável para o estúdio. Mas não, ainda faltava algo que a casa das ideias não havia conseguido. Um filme ideal do seu maior herói, o Homem-Aranha.

E não que o primeiro filme sob o total controle criativo do estúdio não seja bom, muito pelo contrário, De Volta ao Lar é uma excelente aventura, um filme introdutório bem divertido e estabeleceu muito bem o herói em seu universo compartilhado. Mas, sim, tem um mas, apesar de satisfatório, a impressão que se tinha era que o potencial de Tom Holland, tanto como Peter Parker, quanto como sob o uniforme do teioso não havia sido explorado em sua totalidade.

Suas participações em Guerra Civil, Guerra Infinita e Ultimato eram mais ricas e provavam que o garoto podia dar muito mais do que havia sido mostrado em seu primeiro filme solo. E não é que podia mesmo. Longe de casa é de longe (ba tum pis) o melhor filme do teioso. E melhor, deixou claro que pode melhorar ainda mais nos próximos longas.

Dirigido por Jon Watts, mesmo diretor do antecessor, Longe de Casa incorporou todos os elementos que já haviam sido apresentados até agora e mixou com uma trama mais contida, tanto no aspecto pessoal de Peter Parker, como nas responsabilidades herdadas pelo Homem-aranha, após o último filme dos Vingadores. O diretor acertou o ponto entre um comédia romântica teen e a ação que se espera do cabeça de teia.

O filme parte do ponto que acabou o quarto longa dos heróis mais poderosos da Terra. Cinco anos se passaram após o primeiro estalo de Thanos. Metade da população foi dizimada, outra não, incluindo muitos alunos do colégio de Peter. Nos primeiro minutos de filmes o roteiro e montagem nos situam, de uma maneira simples e eficaz, em como isso mexeu com a cabeça dos alunos e nas consequências práticas do plano do titã louco.

Paralelo a isso Peter sente o luto pela perda de seu tutor e de como manter vivo o seu legado. Será que o mundo precisa mesmo de um novo Homem de Ferro? O sobrinho de May parece perdido e confuso e precisa definitivamente respirar.

Em meio a essa catarse toda acontece uma viagem do colégio. Finalmente ele poderia ter uma vida normal, nem que seja por alguns dias. Tudo parece ir bem até que o mundo precisa novamente do nosso miranha e toda a nossa aventura se desenrola pelo continente europeu. Londres, Veneza, Praga e Berlim são apenas alguns dos destinos do teioso.

O filme fala de luta, superação e legado. Os personagens precisam superar, seguir em frente e tentar dar o melhor deles. Ninguém é insubstituível no  mundo, porém não é por isso que precisam ser substituídos. Cada um, a seu jeito, pode dar sua contribuição, sem abrir mão do que é certo, afinal, com grandes poderes vêm grandes responsabilidade, eu sei é clichê, mas cabe em qualquer filme do miranha.

O filme tem alguns defeitos, já que mostrar as dificuldades em administrar as responsabilidades de ser um grande herói com os dramas de um adolescente em Nova York garantem algumas barrigas, ainda mais pelas viradas que o roteiro tenta impor ao longo da trama. Mas mesmo essa gordura, aliada a alguns diálogos bem expositivos, não tiram o brilho do texto do filme.

Homem-Aranha Longe de Casa

Tom Holland cada vez mais solto no papel e mostra ainda mais desenvoltura no longa. Tanto no timing cômico ou quando é exigido emocionalmente entrega uma excelente atuação e não deixa peteca cair. Mesmo quando está contracenando com gente do calibre de Samuel L. Jackson e Jake Gyllenhaal. 

Este último que encarna Mysterio, vilão clássico, que está claramente entre um dos melhores vilões da Marvel. E não que o estúdio aprendeu com os erros e cada vez mais melhora no desenvolvimento dos antagonistas. Jake está nitidamente se divertindo com o papel e tem um papel muito importante na trama. Seus poderes estão espetaculares e os efeitos visuais de suas cenas são assustadoramente reais.

Homem-Aranha Longe de Casa

Já Samuel, novamente como Nick Fury, entrega uma nova versão do diretor da S.H.I.E.L.D., que a princípio parece esquisita e deslocada, mas que com desenrolar da trama se mostra extremamente fiel ao que é proposto. É um dos pontos altos do filme.

O grupo de amigos de Parker parece ainda mais solto e entrosado, com destaque pra MJ de Zendaya. Essa menina é incrivelmente talentosa e consegue mostrar todas a nuances do papel. Sarcástica, inteligente e empoderada. Sua personagem é interessante rende momentos fofinhos junto de Tom.

Homem-Aranha Longe de Casa

No geral o CGI está fantástico, com algumas cenas que devem se tornar icônicas no cânone do herói do Queens e a montagem, mesmo com alguns probleminhas no primeiro ato, se mostrou incrivelmente maravilhosa na parte final do filme. Foi de cair o queixo.

O saldo de Longe de Casa é extremamente positivo e sua trama envolvente, cheia de reviravoltas, mesmo que algumas até previsíveis, nos entrega a melhor aventura live-action do amigão da vizinhança e abre as portas pra que as coisas fiquem ainda mais interessantes. As duas cenas pós-créditos são chocantes e explodem nossa cabeça, que fervilha procurando saber o que virá depois. 

Longe de Casa, mas perto do ideal, Homem-Aranha 2 é simples, eficaz e empolgante, afinal, quem não ama Led Zeppelin?

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