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Você (You) – Por que esta Série Original Netflix vicia tanto? | Crítica

Quando ouvi falar de uma série da Netflix sobre um stalker, a primeira coisa que me veio na cabeça foi uma temática mais teen, meio na pegada Pretty Little Liars, já que vi que Shay Mitchell, a eterna Emily, estaria envolvida no projeto.

Para minha surpresa não só está bem longe do que esperava, como é um thriller muito bem escrito, que me fez devorar os seus 10 episódios em apenas 3 dias.

Você ou You, como você preferir, é uma série que foi criada originalmente para o canal americano Lifetime, mas que foi distribuída mundialmente pela Netflix, a nossa queridinha. Baseada no livro homônimo escrito por Caroline Kepnes, já tem a segunda temporada encomendada, que sairá direto no serviço de streaming.

A trama é contada do ponto de vista de Joe Goldberg (Penn Badgley), um gerente de livraria que se vê obcecado apaixonado por uma cliente, Guinevere Beck (Elizabeth Lail), uma jovem escritora tentando conseguir reconhecimento. De simples stalkeadas no Facebook, seus métodos vão ficando cada vez mais ardilosos até o ponto que ele perde o controle, trazendo suspense e mortes a trama.

Stalkear alguém nas redes sociais não é a maior novidade do mundo, por isso o grande trunfo da série é o seu roteiro, muito bem escrito e que faz com que criemos uma empatia pelo protagonista, que chega a ser incômoda. Afinal, a cada movimento invasivo, há uma ação positiva dele em relação a Paco (Luca Padovan), seu vizinho adolescente que sofre problemas familiares.

Do outro lado Beck é norteada por escolhas erradas, seja com namorados canalhas ou com amigas deslumbradas pela vida boêmia. Nesse meio tempo ela tenta emplacar a escrita de seus contos e poesias, sem muito sucesso. Confusa e previsível, ela vira uma presa fácil para o seu admirador psicopata. Só que não se engane, ela não é tão inocente quanto parece.

Suas amigas se encantam por Joe, torcendo pelo relacionamento do casal a exceção de uma, Peach, interpretada pela Shay Mitchell. Ela é o contraponto, apesar de ter atitudes tão duvidosas quanto as do stalker.

O grande barato da série é este grande cinza que é o desenvolvimento dos personagens. Ninguém é bonzinho, nem tão mal, apenas Joe. Ele é um doente, mas o fato de todos os personagens tomarem atitudes questionáveis, “cria” na cabeça de Joe argumento para que todas as suas ações pareçam certas.

E, pasmem, do jeito que ele fala, age e manipula, você se vê em alguns momentos entendendo ele e na sequência, percebendo, não, não está certo. Ele te manipulou. Mérito do roteiro.

Outra questão abordada é como fica fácil de prever nossos passos, gostos, amigos com poucos cliques no Instagram, Twitter, Facebook. De como estamos expostos a todos os tipos de perigos. Desativem a geolocalização, por favor.

Enfim, é uma série que te faz questionar, perturbar e principalmente te viciar. Não esquecendo que o final me deixou de boca aberta, pela coragem e pela última cena, inacreditável. Vale a pena a maratona.

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