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Crítica | Homem-Formiga e a Vespa – O novo “sessão da tarde” da Marvel!

Imaginem um filme de herói, agora acrescentem, ou melhor, retirem o herói, também não tem super vilão, aliás, neste filme ninguém quer dominar o mundo ou cometer um grande crime. Eu sei pode parecer chato e sem senso de urgência, mas por incrível que pareça, a falta de ambição, e essa é a palavra certa, em ser um “grande” filme, faz de Homem-Formiga e a Vespa um dos filmes mais divertidos do MCU.

Primeiro, o termo Sessão da Tarde nunca foi tão bem aplicado, como no longa dirigido por Peyton Reed, com muitas referências aos clássicos dos anos 80, um tom aventuresco e um roteiro simples, porém bem encaixado, o filme passeia de maneira divertida pelo gênero da comédia, sem perder o ritmo com cenas repletas de ação. Vale lembrar que o primeiro trabalho de Reed foi como roteirista e diretor da série animada De volta para o futuro, sucesso das manhãs da globo, nos anos 90.

O diretor britânico está mais confortável na direção da sequência, já que assumiu o primeiro filme em um momento conturbado, após a saída de Edgar Wright por discordância com o Marvel Studios, e agora pôde dar seu toque mais autoral. Em muitos momentos, conseguimos sentir o mesmo clima de Abaixo ao Amor e Separados pelo Casamento, comédias românticas de sucesso, também dirigidas por ele.


A montagem é outro ponto alto do filme, que ao mesmo tempo que mantém um ritmo frenético, intercala a fotografia tanto na escala gigante, como na micro em cortes precisos e que muitas vezes dão o “time” das piadas. Alguns closes em expressões corporais de
Paul Rudd são hilários. E temos novamente uma cena espetacular com Luis (Michael Peña), com uma montagem incrível.

Por falar em Paul Rudd, ele realmente se estabeleceu como Scott Lang, seu gestual, seu jeito de respirar ou levantar os olhos, dão características tão humanas ao personagem, que não dá pra imaginar outra pessoa em seu lugar. Se já é impossível levar a sério um filme que um dos protagonistas é baseado em uma formiga, isso é potencializado com Rudd a frente do papel. Ele muitas vezes se coloca no lugar do espectador, e questiona alguns absurdos impostos pelo roteiro ou diálogos expositivos demais.

Ahh… os diálogos expositivos… Em um filme em que a física é (ou deveria ser) tão importante, eles sempre aparecem de uma forma ou outra e, muitas vezes, acabam arrastando ou acabando com o ritmo do filme (eu ouvi alguém dizer Nolan por aí?) mas essa teoria se vai por terra quando, em meio a um diálogo onde 3 personagens falam sobre o reino quântico, Paul Rudd os interrompem questionam se precisa mesmo ter a palavra Quântico em todas as frases. Era como se nós mesmo dissemos isso e o roteiro aceitasse que já bastava.

E como se já não fosse estranho um personagem baseado em formiga temos a grande surpresa do filme, a Vespa, Evangeline Lilly brilha instantaneamente ao vestir o uniforme e de maneira natural faz tudo melhor que seu parceiro. Ela luta melhor, é mais estratégica, usa melhor seus poderes e, em momento algum, parece uma maneira de menosprezar seu parceiro, é como se um completasse o outro. Suas cenas lutas são melhores coreografadas, ela tem sutilezas e brutalidade em constante nuances, sem falar que o plot do filme é basicamente em torno de sua personagem.

A história se baseia em uma missão de resgate de Janet Van dyne (Michelle Pfeiffer), a vespa original, que está presa no mundo quântico, só que no meio do caminho surgem as dificuldades. O agente Jimmy Woo (Randall Park) no pé de Scott, ainda em consequência dos eventos de Guerra Civil. Um velho amigo de Laboratório de Hank Pym (Michael Douglas), o cientista Bill Foster, ou simplesmente Golias (Laurence Fishburne), que tem uma mágoa grande no passado. Um gangster atrapalhado, que parece ter saído do filme dos Goonies, chamado Sonny Burch (Walton Goggins) e finalmente a grande vilã (se é que pode ser chamada assim) do filme, Ghost (Hannah John-Kamen).

Aliás o ponto fraco pra mim é atuação de Hannah, que apesar de ter um background bacana, apresentou uma personagem genérica, sem expressão, facilmente esquecível e com certeza é o que impede o filme de decolar ainda mais, em momento algum ela chega incomodar de verdade a dupla de heróis. Uma pena, porque a Marvel vinha apresentando antagonistas muito bons, nos últimos 5 filmes.

O filme no geral é contido e talvez seja o filme com menos referências ao MCU, as ligações tão esperadas com Guerra Infinita só aparecem na cena pós-crédito, e a cena traz alguns elementos muito interessante para o quebra cabeça que será montado em Vingadores 4.

Enfim, Homem formiga é um filme família, em todos sentidos que essa palavra pode ter e todos arcos dramáticos que envolvem e grudam as piadas no filme são baseadas em relações entre pais e filhos. Talvez o filme seja um refresco após o soco de estômago que foi o terceiro filme dos Vingadores, mas funciona perfeitamente como uma cura de ressaca onde precisamos apenas rir, mas de desespero. Divertido e Pontual.

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