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Coringa – A verdade dói e assusta | Crítica

A verdade dói e assusta. Esse foi o pensamento que ficou comigo durante as 2 horas de um filme que eu estava receoso em assistir. Será que acertariam ao trabalhar com um personagem tão icônico da cultura pop, como o Coringa?

Dirigido por Todd Phillips (Se Beber, Não Case!), Coringa traz aos cinemas a construção do personagem que já vimos em tantas histórias de Batman e do universo DC, mas que tem um passado construído de forma diferente de acordo com a versão e o multiverso que estamos acompanhando. Pois o que a versão de Todd traz nunca foi visto antes.

Coringa

Arthur Fleck é um comediante que luta para ganhar o seu sustento através de papéis de palhaço por Gotham City afora, sendo hostilizado por diversas vezes por jovens que o ridicularizam, fazendo com que ele se ponha a pensar em como mudar a sua forma de sustento. Com um diário como fiel escudeiro, Arthur começa a pensar em piadas para stand-up.

Não bastasse o drama em busca de crescer na sua profissão, Arthur mora com a mãe que está com a saúde muito debilitada, e depende da sua atenção e afeto para sobreviver. Ali está a representação do único elo familiar que ele tem, e a carga dramática para manter isso é refletida em suas feições.

Coringa

Joaquin Phoenix se transformou para viver Coringa, e é monstruoso durante todo o filme. A insanidade que já conhecemos do vilão está estampada na face de Joaquin, que soube muito bem dosar os comportamentos de Arthur ao decorrer do filme, fazendo com que nós sentíssemos na pele junto dele o que a sociedade lhe impunha.

Aí vem um ponto para lá de polêmico e questionável por parte da produção. Nós conhecemos o Coringa que surgiu do ácido, mas e se a origem dele fosse diferente? Todd Phillips traz uma versão que não tem tonéis radioativos, mas sim o drama da sociedade, enraizada no preconceito e na discriminação. Quando vemos a realidade dos nossos dias de uma outra ótica dói demais, e Coringa está aí para trazer isso.

O filme percorre uma linha de drama e ação durante todo o momento, beirando muito sutilmente um humor pesado, que até dava receio de soltar uma risadinha na sala de cinema. A trilha sonora e fotografia caminham de mãos dadas com a trama, e entregam uma película digna de ser classificada como obra de arte, o suprassumo de uma adaptação de um personagem dos quadrinhos, por mais que não tenha o roteiro diretamente inspirado em um.

Coringa

Ah, mas Coringa então não pode ser categorizado como um filme de heróis, na linha de Homem de Ferro, Batman Begins ou Superman? JAMAIS! É algo muito além disso. Traz um drama de um personagem que já conhecemos, pincelando referências para acalentar nossos corações DCnautas, mas tendo como principal objetivo dar um tapa na cara da sociedade para a realidade que vivemos, tendo sim que ser pesado e sério.

Saio extremamente satisfeito com o resultado de um filme que eu antes não queria que existisse, mas que hoje quero ver mais e mais vezes para aplaudir Joaquin Phoenix, e saber que Heath Ledger tem um substituto a altura no papel do maior vilão que Gotham City já viu.

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